“Boi bombeiro”: levantamento comprova que teoria não tem validade
Levantamento feito pela UFMG contrapõe número de cabeças de gados e focos de calor no Pantanal.
Publicado 21/10/2020 18:30 | Editado 21/10/2020 16:23
Levantamento da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) invalida argumento que a pecuária é aliada no combate aos incêndios. A falta de incentivo à atividade e o número reduzido de cabeças de gados foram justificativas apresentadas pelo governo para o alastramento das queimadas no Pantanal e na Amazônia neste ano.
Para os chefes das pastas do Meio Ambiente e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ricardo Salles e Tereza Cristina, a pecuária reduz a quantidade de matéria orgânica disponível, o que teoricamente inibiria a propagação do fogo. De acordo com os pesquisadores, os números desmentem as declarações dos ministros. Confira o gráfico de número total de cabeças de gado e porcentagem de focos de calor:
Os dados sobre cabeças de gado por município foram retirados do levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualizados pela última vez em 2018. Já o número de focos de calor foi observado no Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e o recorte temporal foi mantido no ano de 2018.
A cidade que mais sofreu com queimadas foi Corumbá (MS), que também lidera no ranking de população bovina. O padrão se repete nas quatro primeiras posições, que apresentam os maiores valores nos dois quesitos. Isso indica que a relação feita entre mais pecuária e menos queimadas não possui validade.
O professor da UFMG Ubirajara Oliveira, que fez parte do estudo, comentou o resultado do levantamento para o portal de notícias G1. “Este tipo de correlação serve mais para descartar a ideia do ‘boi bombeiro’. Neste caso, isso descarta o argumento de que o boi reduz os incêndios. Isso não acontece”.
Com informações de G1