Inflação preocupa mercado, que está de olho no Copom

Comitê de Política Monetária do Banco Central começa reunião para definir taxa básica de juros.

Sede do Banco Central em Brasília - Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) começa reunião nesta terça-feira (27) para definir o valor da Selic, taxa básica de juros da economia, pelos próximos 45 dias. O resultado da deliberação será anunciado no fim do dia nesta quarta (28), segundo dia de reuniões. Para este ciclo, a expectativa majoritária no mercado é manutenção da taxa nos atuais 2% ao ano.

No entanto, a trajetória da inflação começa a preocupar os agentes financeiros. Em outubro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, teve variação positiva de 0,94%, a maior registrada para o mês desde 1995.

Na segunda-feira (26), o impacto desse resultado se refletiu nas previsões do mercado financeiro. O Boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central que traz as expectativas dos representantes de instituições bancárias para a economia, ajustou de 2,65% para 2,99% a projeção para o fechamento da inflação medida pelo IPCA em 2020.

Embora mantenham a projeção dos juros básicos em 2% para este ano, os economistas consultados para o boletim reajustaram para cima a previsão para a taxa Selic em 2021: antes, esperavam 2,5% ao ano, agora, projetam um patamar de 2,75% ao ano.

Com a pressão inflacionária aumentando, os agentes do mercado esperam uma atuação do BC elevando em algum momento a taxa básica, cujo patamar influencia os demais juros da economia. A taxa Selic é o principal instrumento da autoridade monetária para controlar a inflação. Quando há mais pressão inflacionária, o BC eleva os juros, teoricamente desestimulando as compras e estimulando a poupança, o que contribuiria para reduzir a moeda em circulação e a demanda.

Ainda observando as previsões do Boletim Focus, os representantes de instituições financeiras parecem acreditar que o aumento da inflação e dos juros pode prejudicar a retomada da economia. Para 2020, o boletim melhorou a previsão do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos por um país em determinado período de tempo): antes, previa queda de 5%, agora, projeta recuo de 4,81%. Para 2021, no entanto, assim como ocorreu com taxa básica de juros, a expectativa para o PIB piorou: antes crescimento de 3,47%, agora é alta de 3,42%.

No dia seguinte ao anúncio do resultado do Copom, o Banco Central divulga uma ata da reunião em que expõe os motivos da decisão sobre a Selic e dá indicações de seus movimentos futuros. O mercado está ansioso à espera não apenas da reunião, mas das sinalizações de quinta-feira (29).

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