Antes concentradas em SP, montadoras se expandem pelo País

Participação de São Paulo na produção de automóveis passou de 75% em 1990 para 40% hoje

Fábrica da Fiat, em Betim: marco da descentralização

A indústria automobilística ainda é uma das bases do setor de transformação no estado de São Paulo. Mas, num período de 30 anos, a participação paulista no conjunto do setor caiu sensivelmente em relação a outras regiões do país. Mesmo internamente, houve um intenso processo de descentralização. É o que aponta estudo da Fundação Seade sobre as mudanças que o setor automotivo viveu nas três últimas décadas.

“A expansão das montadoras no Brasil, em curso desde final dos anos 1990, se deu a partir de processo de desconcentração espacial das unidades fabris, alterando substancialmente a distribuição das participações da produção de autoveículos entre as unidades federativas”, aponta o Seade. Exemplo claro é o da região Sudeste, que até 1990 concentrava quase 100% (99,3%) da produção brasileira. Em 2019, a participação caiu para 57,5%. Enquanto isso, as regiões Sul e Nordeste passavam para 26% e 15%, respectivamente.

É fato que São Paulo manteve a liderança na produção do setor e, hoje, responde por 40% do total nacional. Mas essa participação chegava a 75% em 1990, lembra o Seade. Além disso, de 2000 a 2010, o estado viveu “um processo de interiorização” da indústria automobilística.

Essa mudança se expressa no chamado valor de transformação industrial (VTI) do setor automobilístico estadual. Entre 2003 e 2017, o VTI da região do ABC caiu de 33,3% para 22,9%, enquanto regiões como as de Piracicaba, Sumaré e Sorocaba ampliaram sua participação de 5,5% para 21,1%. Há pouco mais de um ano, o ABC perdeu a Ford, uma de suas fábricas mais antigas.

Empregos

O nível de emprego no setor automotivo oscilou bastante no Brasil, alcançando um pico de 532,4 mil em 2013 e caindo para 400,1 mil em 2017. O estado de São Paulo tinha 225,1 mil empregados em 2006, número que caiu para 211,4 mil em 2017. Mas, nesse mesmo período, o total do país aumentou: de 382,2 mil para 400,1 mil. Assim, a participação paulista no emprego foi de 58,9% para 52,8%.

Enquanto isso, o Paraná viu aumentar sua participação de 8,3% para 8,8% e o Rio de Janeiro, de 2,4% para 3,1% – percentual similar ao de Pernambuco, que em 2006 tinha apenas 0,4%. Santa Catarina subiu de 3% para 3,9% e Goiás, de 0,7% para 1,2%. Já Minas Gerais (12,4%) e Bahia (2,2%) ficaram estáveis, enquanto o Rio Grande do Sul recuou de 9,4% para 9,1% do total.

Centralização no ABC

Até os anos 1970, a indústria automobilística se concentrava em São Paulo, basicamente em São Bernardo e São Caetano. “Esse movimento de centralização na região do ABC pode ser explicado pelas seguintes variáveis: proximidade com o Porto de Santos e o mercado consumidor; estímulos fiscais; e existência de mão de obra qualificada e desenvolvimento de um parque produtivo de autopeças”, aponta o Seade. O cenário só começa a mudar em meados daquela década, com a instalação de uma fábrica da Fiat em Betim (MG).

Já na década de 1990, “em um cenário de abertura comercial, associado aos incentivos fiscais oferecidos por alguns estados e a estratégia de países desenvolvidos em busca de novos mercados, se impôs um segundo ciclo de investimentos nesse segmento”, observa a fundação. De 1997 a 2007, foram instaladas 11 fábricas, sendo sete no Paraná. Outras duas foram para Goiás – sendo uma delas após disputa fiscal com a Bahia.

Necessidade de investimentos

Segundo o Seade, a tendência de interiorização em São Paulo “veio acompanhado pela expansão e modernização das plantas industriais e pelo lançamento de novos modelos de automóveis”. É o caso dos utilitários esportivos, os SUVs, “que passaram a incorporar não só avanços tecnológicos (conectividade) – mas também equipamentos de segurança e motores de maior eficiência energética visando a redução de emissão de gases poluentes”.

A concorrência cada vez mais acirrada passou a exigir recursos – em produção e tecnologia. “Como resposta, as principais montadoras instaladas no estado de São Paulo, entre 2009 e 2019, sinalizaram investimentos da ordem de R$ 60 bilhões voltados, prioritariamente, para modernização, automação, ampliação da capacidade produtiva, além do lançamento de novos modelos.”

Com informações da RBA

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