Governo Bolsonaro vende refinaria da Petrobras pela metade do preço

O negócio de US$ 1,65 bilhão, em torno da metade de seu valor real, é considerado irrisório por entidades respeitadas internacionalmente

De nada adiantaram os protestos e alerta da sociedade, dos sindicatos e das oposições, para reverter a operação de lesa-pátria promovida pelo desgoverno Bolsonaro: na calada da noite, nesta quarta-feira(24) o Conselho de Administração da Petrobras aprovou a venda a preço de banana da Refinaria Landulpho Alves, na Bahia, a primeira privatização de uma unidade de refino feita pela estatal.

Ocorre que o atual presidente da estatal, Roberto Castello Branco, que inclusive já foi demitido em fevereiro por Bolsonaro, continua no cargo e ainda assim acelera a venda do patrimônio da estatal, numa atitude suspeitíssima, como bem observou o coordenador  geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar:

“É muita estranha a atitude do atual presidente da Petrobras de querer consumar a venda, a preço de banana, e às pressas, a menos de 20 dias para a sua substituição do comando da empresa. Por que a Petrobras está com tanta pressa em privatizar a Refinaria Landulpho Alves? Qual o sentido de vender uma refinaria produtiva e lucrativa pela metade do preço?”

O negócio, de US$ 1,65 bilhão, preço considerado irrisório, em torno da metade de seu valor real, por entidades respeitadas internacionalmente, é parte do projeto entreguista do governo Bolsonaro para entregar de mãos beijadas o patrimônio nacional à multinacional Mubadala, dos Emirados Árabes Unidos.

Me vem à mente, a incessante luta ao longo de vários anos, do nosso companheiro Haroldo Lima, que nos deixou no mesmo dia desse gesto entreguista. Em artigo publicado em fevereiro, escreveu que “é mais uma privatização contra o país e seu povo”. Em memória à luta do bravo brasileiro, e para nos fortalecer em nossa luta em defesa do patrimônio nacional, reproduzo a seguir trechos do seu artigo premonitório, com o qual concordo plenamente. Uma leitura que vale a pena. Dizia Haroldo Lima:  

 “ A privatização da Refinaria Landulpho Alves-Mataripe suscita diversos problemas, subvalorização do ativo, desemprego, abandono da Petrobras do estado que a viu nascer, problemas fiscais. Mas salienta, em primeiro lugar, que não basta uma empresa ser dirigida pelo Estado, é preciso saber quem dirige o Estado. Aqui no Brasil, agora, a Petrobras, estatal de economia mista, está sujeita às orientações antinacionais e antipopulares das forças políticas que comandam o Estado.

Como estamos sob a presidência de um negacionista obtuso, miliciano que nunca fez nada pela Petrobras (…) a liquidação do patrimônio nacional está em marcha batida, e a privatização de Mataripe é mais um capítulo que os entreguistas de plantão querem escrever.

Um dos fatores que tonam o Brasil forte no mundo é o seu mercado, grande, pujante. No que diz respeito ao consumo de combustíveis, este é o oitavo maior mercado do planeta, que faturou cerca de 500 bilhões de reais em 2019.

Em 2020, com o avanço da política de desconstrução nacional, o novo presidente da Petrobras, Castelo Branco, indicado por Bolsonaro, fica mais atrevido e em maio anuncia que a Petrobras privatizará oito refinarias.

Liquidava-se assim, a cadeia do sistema de combustíveis da empresa, fazendo o país correr grandes riscos, o primeiro dos quais decorrente da desintegração das ações complementares das refinarias, que, juntas e articuladas, garantiram até agora o abastecimento nacional de combustíveis.

Surge também a hipótese da formação de monopólios regionais privados, com riscos de submeter nossos consumidores à extorsão dos preços dos produtos.

A luta contra essas privatizações é uma luta política contra o governo Bolsonaro. Uma reviravolta favorável mais completa nessa luta depende do povo brasileiro desbancar do governo o grupo negacionista, anti-nacional e corrupto que aí está.

Trabalhadores, petroleiros, estudantes e povo em geral devem fazer frente a esse bando antinacional, ficando atentos às ilegalidades que o governo comete para desmontar o estratégico sistema nacional de combustíveis.

Toda essa luta fica mais difícil quando a extrema direita dirige o processo e quando desaba sobre o mundo uma pandemia funesta. Mas são nessas condições que trabalhadores, parlamentares e povo em geral, tem que se opor ao descalabro que querem nos impor”   

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