Deputados repercutem mudanças do governo em ministérios
Para se segurar no Planalto, Bolsonaro atende a “toma lá, dá cá” e troca seis ministros: Relações Exteriores, Defesa, Justiça, Casa Civil, Secretaria de Governo e Advocacia-Geral da União têm novos comandos.
Publicado 29/03/2021 23:19 | Editado 30/03/2021 10:39
Depois de anunciada a queda de Ernesto Araújo do Ministério das Relações Exteriores e da demissão do general Fernando Azevedo do Ministério da Defesa, o presidente Jair Bolsonaro alterou a composição de mais quatro ministérios nesta segunda-feira (29).
As mudanças foram confirmadas em uma nota da Secretaria de Comunicação Social, vinculada ao Ministério das Comunicações. Os novos ministros são:
Casa Civil da Presidência da República: Luiz Eduardo Ramos, atual ministro da Secretaria de Governo;
Ministério da Justiça e Segurança Pública: delegado da Polícia Federal Anderson Torres, atual secretário de Segurança Pública do Distrito Federal;
Ministério da Defesa: general Walter Souza Braga Netto, atual chefe da Casa Civil;
Ministério das Relações Exteriores: embaixador Carlos Alberto Franco França, diplomata de carreira que estava na assessoria especial da Presidência da República;
Secretaria de Governo da Presidência da República: deputada federal Flávia Arruda (PL-DF);
Advocacia-Geral da União: André Mendonça, que já chefiou a AGU no início do governo e está atualmente no Ministério da Justiça.
Deixam de ser ministros os atuais titulares Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e José Levi (AGU). Os outros três ministros envolvidos nas mudanças – Ramos, Braga Netto e Mendonça – foram apenas remanejados para novos postos ministeriais.
Repercussão
O troca-troca repercutiu no Parlamento. As mudanças acontecem menos de uma semana depois de o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ter subido o tom contra o governo e afirmado que, se não houvesse correção de rumo, a crise da pandemia poderia resultar em “remédios políticos amargos” a serem usados pelo Congresso, alguns deles fatais.
Ernesto Araújo, das Relações Exteriores; o Ministro da Defesa, Fernando Azevedo Silva, e a Secretária de Educação Básica, Izabel Lima Pessoa. Quem mesmo está derretendo? Falta Bolsonaro pedir para sair!
— Alice Portugal (@Alice_Portugal) March 29, 2021
Para a vice-líder do PCdoB na Câmara, deputada Perpétua Almeida (AC), o balanço do dia é: “Os dois filhos do Bolsonaro (senador e deputado) emplacaram um ministro. Bolsonaro quer que o novo Ministério da Defesa descumpra a Constituição, o que as Forças Armadas não aceitarão. O Centrão ganhou um ministério que não tem tinta na caneta. Isso não vai terminar bem, aguardem”, afirmou.
Já o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) elencou o que Bolsonaro quer com sua “reforma ministerial”. “Quer as Forças Armadas alinhadas a seu projeto de poder, risco grave à democracia; quer segurar a caneta do impeachment; quer blindar ainda mais a famiglia; quer desmoralizar mais o Itamaraty, colocando-o sob direção de um aspira”, pontuou.
Chama atenção que o ministro da Defesa, em curta e direta nota sobre a demissão, tenha se referido à manutenção das Forças Armadas como “instituições de Estado” em sua gestão. No mínimo, é indicativo de pressões em sentido contrário. Manter alerta em defesa da democracia é vital.
— Orlando Silva (@orlandosilva) March 29, 2021
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirmou: “Bolsonaro, não adianta trocar seu governo inteiro. O problema é você”.
A pandemia em alta, as pessoas perdendo a vida aos milhares diariamente, inflação em alta, falta insumo, oxigênio, vacina… e o noticiário durante todo o dia não mostrou grandes mudanças no Governo contra esse cenário. Ao contrário.
— Jandira Feghali ???✏ (@jandira_feghali) March 30, 2021
O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) também comentou as seis trocas no governo: “Bolsonaro está derretendo e não adianta em nada todas essas trocas. A crise é grave e profunda, e o presidente não tem controle algum para contornar esses problemas”. O parlamentar reiterou que a prioridade do país deve ser “a vacina, a valorização do SUS, dos profissionais de saúde”.
Ernesto caiu! Já não era sem tempo, né? Grande parte da parcela dos problemas que estamos enfrentando agora para aquisição das vacinas decorre da atitude isolacionista que o Brasil adquiriu com o Itamaraty, levando o país ao retraimento brutal. https://t.co/9UdRqZwf6U
— Daniel Almeida (@Daniel_PCdoB) March 29, 2021
O deputado ainda acrescentou que “isso é absolutamente incompatível para a função pública, sobretudo para um cargo como esse que demanda relações com as diversas nações”.
Entra ministro, sai ministro e o problema continua: Bolsonaro https://t.co/ndxNtVDajk
— Portal Vermelho (@portalvermelho) March 29, 2021
Os ministros que caíram desde a posse
Com informações da Liderança do PCdoB na Câmara