Ao contrário de Bolsonaro, ministro da Saúde defende isolamento social

Marcelo Queiroga evitou perguntas mais políticas e indicou mudança de postura na condução do Ministério da Saúde nas ações de combate ao coronavírus

Deputada Jandira Feghali questionou, entre outros pontos, sobre a autonomia do ministro na condução da Pasta (Fotos: Agência Câmara)

Oito dias após assumir oficialmente o comando do Ministério da Saúde, Marcelo Queiroga participou de audiência virtual na Câmara dos Deputados para falar das ações da pasta para combater o avanço da pandemia do novo coronavírus. A última atualização dos dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) apontou que o país já registra mais de 317 mil óbitos.

Em sua fala, Queiroga indicou uma mudança de postura na condução da pasta em relação à pandemia. Defendeu o uso de máscaras, distanciamento social, criticou aglomerações enquanto o país tenta adquirir vacinas e acelerar o processo de imunização dos brasileiros. “O presidente me deu total autonomia”, destacou o ministro para enfatizar sua defesa por medidas que ainda não eram reconhecidas pelo governo Bolsonaro.

“O senhor chega no caos e no colapso. E tudo o que a gente precisa é de ações concretas. Sou de oposição, mas não trabalho com o ‘quanto pior, melhor’. Sobretudo quando tratamos de vidas. O senhor é o quarto ministro e parece que seguirá a ciência, mas é preciso ter autonomia”, pontuou.

Jandira fez ainda defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e do financiamento da saúde. Questionou o ministro sobre a habilitação de leitos de UTI, cronograma de vacinação, sobretudo da população jovem, que hoje ocupa quase 40% dos leitos das unidades de tratamento intensivo por Covid. A parlamentar cobrou campanhas de vacinação e teste rápido.

Queiroga afirmou que não entraria em discussões políticas, reiterou a importância do orçamento do SUS, mas destacou que é “preciso olhar para a frente e estabelecer um ambiente de diálogo”.

Ao longo da audiência, Queiroga reiterou a importância do uso de máscaras, do distanciamento social, das campanhas de vacinação, que, segundo o ministro, já estão em produção. Queiroga afirmou que já foram habilitados 15 mil leitos de UTI e destacou que a pasta está trabalhando em conjunto com outras áreas do governo para articular a aquisição e entrega de vacinas para acelerar a imunização da população.

Vice-presidente da Câmara, o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) trouxe ao debate a declaração de Bolsonaro e pediu ao ministro que intercedesse junto ao presidente para que ele mudasse sua postura.

O pedido, no entanto, não teve qualquer resposta do atual ministro.

Fonte: Liderança do PCdoB na Câmara dos Deputados

Autor