Alfredo Bosi, crítico literário e membro da ABL, morre de Covid

Integrante da Academia Brasileira de Letras e reconhecido como um dos principais críticos literários no Brasil, Bosi morreu em São Paulo nesta quarta-feira (7)

Bosi foi um dos maiores nomes da crítica literária no Brasil | Foto: Guilherme Gonçalves / Divulgação

Alfredo Bosi, considerado um dos maiores críticos literários do país e membro da Academia Brasileira de Letras, morreu por Covid aos 84 anos nesta quarta-feira (7) pela manhã.

Segundo pessoas próximas ao crítico, ele não estava intubado e a situação era considerada estável nos últimos dias. A morte foi confirmada pela editora Companhia das Letras, pela qual publicou as obras Dialética da Colonização, de 1992, e Brás Cubas em Três Versões: Estudos Machadianos, de 2006.

Bosi nasceu em São Paulo, onde se formou em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), em 1960. Após um período de estudos na Itália, retornou ao Brasil e assumiu os cursos de língua e literatura italiana na USP.

O interesse por literatura brasileira o levou a escrever os livros Pré-Modernismo (1966) e História Concisa da Literatura Brasileira (1970), que foi rapidamente adotado como referência em estudos literários.

Em 1993, ganhou o prêmio Jabuti na categoria de ciências humanas e, em 1997, tornou-se diretor do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. No instituto, coordenou ações importantes para a valorização da literatura no país e no continente, e há 31 anos editava a revista Estudos Avançados.

Um dos maiores críticos literários do país, focou sua produção em grandes nomes italianos, como Luigi Pirandello e Giacomi Leopardi, e brasileiros, como Machado de Assis, Jorge de Lima, Guimarães Rosa e Cecília Meireles. Entre suas principais obras também estão “O Ser e o Tempo da Poesia”, “Céu, Inferno: Ensaios de Crítica Literária e Ideológica”, “Dialética da Colonização” e “Literatura e Resistência”.

Bosi foi casado com a psicóloga social, escritora e professora do Instituto de Psicologia da USP, Ecléa Bosi, que morreu há quatro anos. Ele deixa dois filhos: Viviana Bosi, também professora da FFLCH-USP, e José Alfredo Bosi.

Repercussão

A morte do crítico foi lamentada por personalidades, intelectuais e instituições ligadas à área cultural.  O presidente da Associação Brasileira de Letras (ABL), Marco Lucchesi, escreveu uma carta em homenagem ao ocupante da cadeira nº 12.

“A tanta dor, soma-se a morte do admirável acadêmico Alfredo Bosi. Sou tomado de profunda emoção. Nem encontro palavras. Escrevo com olhos marejados. Bosi: um homem de profunda erudição, humanista inconteste, um homem que estudou o Renascimento e que o representou. Realizou uma abordagem nova da cultura no Brasil”, disse o presidente da Associação Brasileira de Letras, Marco Lucchesi. “Jamais relegou a segundo plano os direitos civis e as liberdades. Amado amigo, fraterno, radical”, completou Lucchesi em carta de despedida.

O acadêmico Antonio Carlos Secchin lastimou a partida de um “grande mestre”.

Outros prestaram homenagens à Alfredo Bosi nas redes sociais. Silvio Almeida, também professor universitário, lamentou a morte do crítico.

O jornalista Fernando Mitre, atual diretor nacional de jornalismo da Rede Bandeirantes, relembrou obras do autor.

O deputado federal Orlando Silva (PCdoB) e a artista plástica engajada na política Marcia Tiburi se manifestaram sobre o falecimento de Bosi.

Muitas revistas e instituições ligadas a literatura postaram homenagens ao crítico, entre elas o Museu de Língua Portuguesa, a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), a editora Companhia das Letras e o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), criado em 1969 por um grupo de professores das universidades pela ditadura militar.

O Cebrap disponibiliza o dossiê A Literatura e a Pobreza de Alfredo Bosi neste link.

Com informações de Folha de S.Paulo e G1