Carta ao 4º ministro da Saúde do Governo da Morte, por Jandira Feghali

“Não queremos apenas declarações, queremos ações concretas, pois já passamos de todos os limites da desumanidade!”

Foto: Reprodução

Senhor Ministro,

Bem-vindo ao caos e ao colapso do Sistema de Saúde (SUS). Sei que o senhor resiste em olhar para o retrovisor, mas aprender com os erros (e foram muitos) é importante para que eles não continuem tirando a vida das brasileiras e brasileiros. A falta de coordenação nacional na adoção de medidas básicas para a contenção do vírus e o constante negacionismo se aliaram a uma verdadeira guerra contra governadores e prefeitos que agissem para preservar vidas.
Enquanto a maioria dos gestores estaduais e municipais tentava conscientizar a população da importância do uso de máscaras, do distanciamento social e higienização constante das mãos, seu presidente provocava aglomerações por onde passava, negava a gravidade da pandemia e se recusava a usar máscara. Indicava um tratamento precoce sem qualquer eficácia comprovada cientificamente e gastou milhões de reais na compra desses medicamentos. Fez as pessoas acreditarem em curas milagrosas com graves efeitos colaterais.

Essa condução errática e criminosa nos trouxe ao 4º ministro da saúde. Seus antecessores deixaram o cargo por motivos diversos. Dois foram se incompatibilizando com a política anticientífica e genocida adotada. Outro, fez de tudo para seguir as orientações do chefe e deixou de herança mais de 300 mil mortes, falta de oxigênio e de leitos de uti e um péssimo exemplo de como se faz a gestão da saúde em tempos de pandemia.

Agora, chegamos ao senhor. Em sua primeira audiência no Senado foi taxativo na importância das medidas de prevenção. Defendeu o uso de máscaras por toda a população e afirmou que fará todos os esforços para garantir a vacinação de todos no menor tempo possível. Belas palavras. Mas serão vazias se o senhor não olhar para o retrovisor e entender que o país clama por um chamamento nacional. Clama por um comando voltado para reduzir o ritmo de contaminação, de filas e de vidas perdidas.

De médica para médico lhe digo: em algum ponto suas boas intenções e sua capacidade entrarão em choque com um presidente que, apenas provisoriamente, lhe dá autonomia para escolher sua equipe e finge defender as medidas necessárias para tirar o Brasil do lamentável papel de pior gestor da crise. Quando este momento chegar insto que recorra à humanidade que falta ao presidente e se compadeça das famílias que perderam seus entes queridos.

Apelo para que persista na missão que é de todos os médicos, salvar vidas. Enfim, que persiga a única missão que importa neste momento, fortalecer o SUS, garantir vacina para todos e a assistência aos doentes!

Isso só se fará com decisão politica e com amplo diálogo e articulação deste ministério com gestores estaduais e municipais, com o Parlamento e com a sociedade. Um diálogo pautado pela ciência, pela verdade e pela coragem de enfrentar quem levante a voz contra a vida dos brasileiros e brasileiras. Não queremos apenas declarações, queremos ações concretas, pois já passamos de todos os limites da desumanidade!

Atenciosamente,
Jandira Feghali.

Artigo publicado originalmente no O Dia

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