Oposição a Bolsonaro emplaca nomes na direção da CPI da Covid-19
Os senadores escolhidos para dirigir os trabalhos são Omar Aziz (PSD-AM) na presidência, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) na vice, e Renan Calheiros (MDB-AL) na relatoria
Publicado 16/04/2021 17:05 | Editado 16/04/2021 18:43
Bolsonaro foi derrotado nas articulações para emplacar nomes mais próximo do governo na direção da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, que deve ser instalada na próxima semana. Os nomes escolhidos para dirigir os trabalhos são Omar Aziz (PSD) na presidência, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) na vice, e Renan Calheiros (MDB-AL) na relatoria.
A CPI vai investigar a omissão do governo Bolsonaro no combate à pandemia de covid-19 no país e o uso dos recursos federais. Em especial, será apurado a responsabilidade das autoridades pela falta de oxigênio na rede hospitalar de Manaus.
Segundo informações da assessoria de Randolfe Rodrigues, os senadores do novo colegiado vão bater o martelo sobre os três nomes numa reunião ainda nesta sexta-feira (16).
Os governistas lutaram para evitar nos principais cargos da comissão os nomes de Randolfe e de Renan, considerados ferrenhos opositores ao governo Bolsonaro. Para evitar a dobradinha nos cargos de presidente e relator, o governo trabalhou em prol de outros nomes. Chegou-se a cogitar a chapa amazonense de Omar na presidência e Eduardo Braga (MDB) na relatoria.
Sem a presidência, a oposição ainda assim conseguiu manter os dois nomes na direção dos trabalhos. Renan Calheiros estará no cargo considerado mais estratégico, pois vai indicar o rumo das investigações. O senador alagoano, que é considerado do grupo independente, tem uma postura de opositor ao governo. Ele vem dizendo que o Senado tem de apurar as responsabilidades e apontar saídas para a crise humanitária que o Brasil está vivendo. “Não podemos ser cúmplices desse morticínio”, defendeu.
Por outro lado, os governistas não podem contar como vitória o nome de Omar Aziz na presidência. O senador amazonense é considerado um parlamentar independente e crítico da conduta do governo na pandemia. Ele, por exemplo, combateu a estratégia governistas de adiar o funcionamento do colegiado.
Em recente entrevista ao Congresso Em Foco, o senador amazonense defendeu encontros presenciais. Segundo ele, há espaço suficiente para os onze titulares da CPI manterem o distanciamento no auditório do colegiado. E também recursos técnicos para os assessores trabalharem em outro ambiente, fazendo as oitivas remotamente.
“Não haverá problema algum em fazer semipresencial. A maioria das coisas em CPI podem ser feitas remotamente”, disse também Renan Calheiros.
Na composição final, a maioria dos titulares será de oposicionistas ou independentes em relação ao governo Bolsonaro que terá na sua defesa os senadores Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP; Marcos Rogério (RO), líder do DEM na Casa; Jorginho Mello (PL-SC) e Eduardo Girão (Podemos-CE).
Os oposicionistas são Humberto Costa (PT-PE) e Randolfe Rodrigues, que é líder da oposição na Casa. Além de Omar e Renan, o bloco dos independentes é formado por Eduardo Braga (AM), líder do MDB; Otto Alencar (PSD-BA) e Tasso Jereissati (PSDB-CE).
Início dos trabalhos
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), anunciou nesta sexta-feira (16) que a CPI poderá ser instalada já na próxima semana. “Na próxima semana teremos o feriado de quarta-feira, 21 de abril, então podemos eventualmente instalá-la na quinta-feira (22) ou na terça-feira (27) da semana que vem. São dois dias possíveis”, disse.
Segundo ele, o procedimento para a eleição da direção da CPI será o mesmo utilizado para votação da Mesa Diretora, ou seja, voto secreto e depositado na urna para presidente e vice. A eleição entre os membros do colegiado vai se dar no ambiente da comissão em uma das salas do Senado. Também terá urna externar na chapelaria ou na garagem da Casa.