As mentiras de Mayra Pinheiro na CPI, segundo a assessoria de Renan Calheiros
A equipe de checagem do relator da CPI levantou as contradições da secretária do Ministério da Saúde.
Publicado 25/05/2021 16:43 | Editado 25/05/2021 18:15
Documento elaborado por uma equipe de checagem de informações do relator Renan Calheiros (MDB-AL) revelou que a médica Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e Educação do Ministério da Saúde, mentiu 11 vezes no seu depoimento na CPI da Covid, nesta terça-feira (25).
A secretária, que está no Ministério da Saúde desde o início do governo Bolsonaro, afirmou que o isolamento causou mais pânico nas cidades, atrapalhou a evolução natural da doença e impediu o efeito rebanho de imunização. Ao ser questionada se tinha algum estudo nessa direção, ela disse não possuir.
Confira o que diz o documento:
Tratamento precoce
Segundo Mayra, é utilizado por profissionais médicos de todos os mundos, que oferecem assim que feito o diagnóstico.
A equipe do relator levantou que não há qualquer dado a esse respeito, sobretudo após a recomendação da OMS em sentido contrário ao uso de cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina.
Medicamentos para Covid
A secretária afirmou que as Notas Orientativas do Ministério da Saúdo, nº 9 e nº 17 apenas recomendam o uso dos medicamentos.
A declaração é desmentida pelo “Plano Manaus”, assinado pelo Ministro Pazuello, onde está dito textualmente que deve incentivar o tratamento precoce. O aplicativo TrateCov, por sua vez, indica expressamente o tratamento. A depoente, em ofício encaminhado à Secretaria de Saúde considera inadmissível não usar a cloroquina e demais remédios.
Pesquisa na área de infectologia
A médico não levou, enquanto secretária, informações ou experiências a respeito de estudos, pesquisas e publicações na área de infectologia.
Porém, ao longo de todo o depoimento relembra suas experiências, pesquisas e informações.
Cloroquina
A secretária do MS assevera que o medicamento é um um antiviral e mantém a orientação para uso de Cloroquina e Hidroxicloroquina.
A equipe do relator registra que a cloroquina não é um antiviral, nem um anti-inflamatório, e sim um antimalárico, utilizado em casos de malária, que é um protozoário, não um vírus. A OMS e a a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) recomendam não utilizar os medicamentos, porque inócuos ao tratamento.
TrateCov
Mayra Pinheiro afirmou que a plataforma foi retirada do ar porque foi hackeada e dados teriam sido irregularmente alterados.
Segundo a assessoria, a secretária entrou em contradição e contradisse o ex-ministro Eduardo Pazuello, ao afirmar que a plataforma foi retirada do ar apenas para fins de investigação, sem que tenha havido deturpação (como declarou Pazuello) ou alteração (como ela mesma disse) da plataforma.
OMS e Conitec
A secretária disse que levou em consideração os estudos e declarações a respeito do uso de cloroquina e hidroxicloroquina
A assessoria afirma que Mayra Pinheiro usou e recomendou o uso porque, segundo suas próprias declarações contraditórias, as recomendações da OMS e Conitec foram baseados em estudos com qualidade metodológica questionáveis.
População pediátrica
Mayra Pinheiro declarou que 37,5% da população pediátrica tem menos chance de contrair a doença e que todas as crianças deveriam ter continuado estudando presencialmente.
Para a assessoria do relator, a secretária desconsidera que, em todas as escolas, há presença de adultos e, para piorar, não apresenta percentual de transmissão de crianças para adultos.
Isolamento
Mayra Pinheiro afirmou que o isolamento causou mais pânico nas cidades, atrapalhou a evolução natural da doença e impediu o efeito rebanho de imunização.
Na avaliação da equipe do relator, a secretária contradisse sua declaração ao ser perguntada se teria conhecimento, recebido estudo técnico ou análise dessa tese e de seu impacto sobre a saúde pública e disse que não recebeu. Disse ainda que tal tese nunca foi cogitada pelo Ministério da saúde e que desconhece qualquer médico que defendesse igual teoria.
Comando do Ministério da Saúde
A secretária declarou que deu continuidade aos trabalhos no Ministério da Saúde desde a gestão de Luiz Mandetta.
A equipe de Renan Calheiros considera que Mayra contradisse sua afirmação ao afirmar os diferentes ministros adotaram decisões diversas porque as necessidades quanto à pandemia teriam mudado ao longo do tempo.
Manaus
Mayra Pinheiro afirmou que conhecia previamente a situação e as características do sistema de saúde de Manaus, que já havia experimentado um colapso em abril e maio de 2020.
Para a assessoria do relator “há clara contradição quando declara que somente esteve em Manaus entre 3 e 5 de janeiro, quando tomou ciência da realidade ali apresentada” e só se deslocou a Manaus em 3 de janeiro de 202, para tomar providências pertinentes, por ordem do ministro Pazuello.
Oxigênio em Manaus
A secretária afirmou que seria impossível prever a quantidade de oxigênio a ser usada e a consequente falta do fornecimento.
A assessoria registra que a afirmação da secretária entre em contradição com o que afirmou ao Ministério Público Federal: “é possível realizar esse cálculo a partir do prognóstico de hospitalizações, pois se estima a quantidade de insumo a partir do número de internados.
Com informações da assessoria técnica do Relator Renan Calheiros (MDB-AL)