As mentiras de Mayra Pinheiro na CPI, segundo a assessoria de Renan Calheiros

A equipe de checagem do relator da CPI levantou as contradições da secretária do Ministério da Saúde.

Renan Calheiros interroga Mayra Pinheiro na CPI (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Documento elaborado por uma equipe de checagem de informações do relator Renan Calheiros (MDB-AL) revelou que a médica Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e Educação do Ministério da Saúde, mentiu 11 vezes no seu depoimento na CPI da Covid, nesta terça-feira (25).

A secretária, que está no Ministério da Saúde desde o início do governo Bolsonaro, afirmou que o isolamento causou mais pânico nas cidades, atrapalhou a evolução natural da doença e impediu o efeito rebanho de imunização. Ao ser questionada se tinha algum estudo nessa direção, ela disse não possuir.

Confira o que diz o documento:

Tratamento precoce

Segundo Mayra, é utilizado por profissionais médicos de todos os mundos, que oferecem assim que feito o diagnóstico.

A equipe do relator levantou que não há qualquer dado a esse respeito, sobretudo após a recomendação da OMS em sentido contrário ao uso de cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina.

Medicamentos para Covid

A secretária afirmou que as Notas Orientativas do Ministério da Saúdo, nº 9 e nº 17 apenas recomendam o uso dos medicamentos.

A declaração é desmentida pelo “Plano Manaus”, assinado pelo Ministro Pazuello, onde está dito textualmente que deve incentivar o tratamento precoce. O aplicativo TrateCov, por sua vez, indica expressamente o tratamento. A depoente, em ofício encaminhado à Secretaria de Saúde considera inadmissível não usar a cloroquina e demais remédios.

Pesquisa na área de infectologia

A médico não levou, enquanto secretária, informações ou experiências a respeito de estudos, pesquisas e publicações na área de infectologia.

Porém, ao longo de todo o depoimento relembra suas experiências, pesquisas e informações.

Cloroquina

A secretária do MS assevera que o medicamento é um um antiviral e mantém a orientação para uso de Cloroquina e Hidroxicloroquina.

A equipe do relator registra que a cloroquina não é um antiviral, nem um anti-inflamatório, e sim um antimalárico, utilizado em casos de malária, que é um protozoário, não um vírus. A OMS e a a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) recomendam não utilizar os medicamentos, porque inócuos ao tratamento.

TrateCov

Mayra Pinheiro afirmou que a plataforma foi retirada do ar porque foi hackeada e dados teriam sido irregularmente alterados.

Segundo a assessoria, a secretária entrou em contradição e contradisse o ex-ministro Eduardo Pazuello, ao afirmar que a plataforma foi retirada do ar apenas para fins de investigação, sem que tenha havido deturpação (como declarou Pazuello) ou alteração (como ela mesma disse) da plataforma.

OMS e Conitec

A secretária disse que levou em consideração os estudos e declarações a respeito do uso de cloroquina e hidroxicloroquina

A assessoria afirma que Mayra Pinheiro usou e recomendou o uso porque, segundo suas próprias declarações contraditórias, as recomendações da OMS e Conitec foram baseados em estudos com qualidade metodológica questionáveis.

População pediátrica

Mayra Pinheiro declarou que 37,5% da população pediátrica tem menos chance de contrair a doença e que todas as crianças deveriam ter continuado estudando presencialmente.

Para a assessoria do relator, a secretária desconsidera que, em todas as escolas, há presença de adultos e, para piorar, não apresenta percentual de transmissão de crianças para adultos.

Isolamento

Mayra Pinheiro afirmou que o isolamento causou mais pânico nas cidades, atrapalhou a evolução natural da doença e impediu o efeito rebanho de imunização.

Na avaliação da equipe do relator, a secretária contradisse sua declaração ao ser perguntada se teria conhecimento, recebido estudo técnico ou análise dessa tese e de seu impacto sobre a saúde pública e disse que não recebeu. Disse ainda que tal tese nunca foi cogitada pelo Ministério da saúde e que desconhece qualquer médico que defendesse igual teoria.

Comando do Ministério da Saúde

A secretária declarou que deu continuidade aos trabalhos no Ministério da Saúde desde a gestão de Luiz Mandetta.

A equipe de Renan Calheiros considera que Mayra contradisse sua afirmação ao afirmar os diferentes ministros adotaram decisões diversas porque as necessidades quanto à pandemia teriam mudado ao longo do tempo.

Manaus

Mayra Pinheiro afirmou que conhecia previamente a situação e as características do sistema de saúde de Manaus, que já havia experimentado um colapso em abril e maio de 2020.

Para a assessoria do relator “há clara contradição quando declara que somente esteve em Manaus entre 3 e 5 de janeiro, quando tomou ciência da realidade ali apresentada” e só se deslocou a Manaus em 3 de janeiro de 202, para tomar providências pertinentes, por ordem do ministro Pazuello.

Oxigênio em Manaus

A secretária afirmou que seria impossível prever a quantidade de oxigênio a ser usada e a consequente falta do fornecimento.

A assessoria registra que a afirmação da secretária entre em contradição com o que afirmou ao Ministério Público Federal: “é possível realizar esse cálculo a partir do prognóstico de hospitalizações, pois se estima a quantidade de insumo a partir do número de internados.

Com informações da assessoria técnica do Relator Renan Calheiros (MDB-AL)

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