Mais do mesmo, segue a matança, por Francinaldo Dias

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Por Francinaldo Dias*

“Imagine algumas pessoas passeando na periferia de Chernobyl. De repente, uma diz: vamos brincar no reator da usina? E as outras respondem: Vamos!”. Foi com essa analogia que o repórter Ariel Palácios referiu-se a decisão da CONMEBOL de realizar a Copa América no Brasil. No caso o Brasil é Chernobyl e o reator na certa é o vírus.

A analogia seria perversa não fosse verdade que o Brasil é hoje a grande ameaça mundial desta pandemia. Na contramão do mundo, onde seus governantes procuram formas de amenizar o caos, seja com isolamento social, seja na busca da vacina para suas populações, no Brasil o que vemos é um presidente que fomenta a morte.

                Não é novidade que o chefe da nação brasileira tem uma grande simpatia pela necropolítica. Suas ações e discursos são os recursos utilizados para a consecução de seu objetivo satânico: matar o maior número possível de brasileiros. Comenta-se à boca larga da imprensa que nem trinta minutos foram gastos para que ele aceitasse a realização da Copa América aqui no Brasil.

                De forma irresponsável, como não poderia deixar de ser, o presidente não levou em consideração a atual situação da pandemia no país. Aproveitando-se da paixão do brasileiro pelo futebol, certamente o dito cujo anseia angariar a simpatia do povo que há meses demonstra sua indignação perante o descaso e a indiferença do presidente para com as quase quinhentas mil mortes em todo país.

                A repercussão desta decisão foi tão intensa em tão pouco tempo, nas redes sociais e na imprensa, que mesmo com a divulgação oficial da CONMEBOL, através de seu presidente, da realização do Torneio aqui, e do agradecimento encarecido ao presidente do Brasil, outra prática deste fajuto governo veio a cabo: negar! Ou voltar atrás, como queiram. Nunca na história desta país, um chefe de governo anunciou tanto absurdo e em seguida negou. Negacionista em todos os aspectos, nega a ciência e nega que nega.

                Cabe ao povo, pelo menos parte considerável do povo brasileiro preservar a memória e daqui a pouco resolver de uma vez por todas o problema Bolsonaro do Brasil. Não vai haver impeachment, não vai haver autogolpe. Vai haver eleição, e uma vez derrotado ele voltará à condição de homem comum, e ai será a hora de pagar por todos os crimes que cometeu. E então restará apenas o triste capítulo nos livros de história sobre os quatro anos em que fomos mergulhados nas trevas pelo mito dos cidadãos de bem.

*Escritor e professor da rede estadual de ensino do Ceará.