Bolsonaro se entrega de vez ao Centrão

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Ilustração: J. Bosco

Bolsonaro na campanha prometeu uma nova política, sem os velhos acordos espúrios, sem o toma lá dá cá, enfim seus os vícios da velha política.

Bolsonaro tentou voo solo, fortalecer e ampliar seu mandato com respaldo total dos militares, com manifestações de seus apoiadores fanáticos, com apoio de milícias, com as motociatas; tudo em vão. As pesquisas, uma após outra, apresentam queda de sua popularidade.

Bolsonaro há tempos já havia atirado no lixo suas promessas de campanha e entregue vários ministérios ao Centrão, grupo mais oportunista, fisiológico e também um dos mais expressivos do Congresso Nacional.

Desesperado e sem ver outra saída, entrega agora um dos principais ministérios ao Centrão, a Casa Civil, que nomeia todos os cargos do governo. Aumenta a quantidade de ministérios com objetivo principal de abrir acomodar seus apoiadores. Para deixar claro sua entrega total ao Centrão, declara que sempre foi e agora muito mais, membro desse segmento espúrio.

De todas as suas artimanhas e ações tresloucadas, essa parece ser uma estratégia que pode ser considerada inteligente do ponto de vista eleitoral. Ao entregar seu governo àquela articulação parlamentar conservadora, Bolsonaro deve se garantir no poder, se livrar de um impeachment, além de enfraquecer a possibilidade de uma outra candidatura no mesmo campo da direita e do centro.

Mas o objetivo principal de Bolsonaro é buscar sua reeleição. E para isso deverá usar todas as armas. A primeira delas, através desse apoio do Centrão será aprovar o voto impresso, que nada mais é senão a volta do voto de cabresto, onde o patrão pode conferir os votos dos empregados, o pastor dos seus fiéis, a milícia das comunidades que domina, os coronéis de suas corrutelas, e assim por diante.

Bolsonaro com a faca do Centrão no pescoço deve entregar não apenas os cargos, mas também os cofres da Nação, para as emendas parlamentares (apenas aos aliados), e todo tipo de assalto aos recursos públicos.

Quem não é seu eleitor fanático, alienado político ou idiota, já percebeu que Bolsonaro não tem nenhum escrúpulo, e que sua ambição pelo poder não tem nenhum limite. Bolsonaro, um inexpressivo político, conseguiu o fato inédito até inimaginável de ter chegado à presidência da República do Brasil.

Mas Bolsonaro quer mais, ser reeleito, e depois disso talvez se cacifar para dar o golpe que antes não conseguira, e se tornar ditador supremo, sem Congresso, sem STF, por maior tempo possível. Que o Centrão coloque suas barbas de molho, porque Bolsonaro já mostrou várias vezes a “gratidão” aos amigos. Bebiano, Sergio Moro e outros, que o digam.

O saldo que o governo Bolsonaro apresenta é a maior tragédia que já se abateu sobre o Brasil com mais de 550 mil mortes que poderiam ser evitadas se seu governo, ao invés do negacionismo, da incompetência, da demora na aquisição de vacinas e das negociatas por propinas agora descobertas pela CPI. Somados ao recorde do desemprego de 15 milhões de desempregados, mais de 800 mil pequenas e médias empresas falidas e mais da metade da população com insegurança alimentar. A tragédia não atingiu apenas a área da saúde, mas o desmonte na educação, os desastres ambientais, o gigantesco aumento dos preços dos combustíveis e dos alimentos.

Aos brasileiros sensatos, aos democratas, as entidades populares, estudantis, a verdadeira justiça, aos partidos políticos comprometidos com a democracia, o progresso social e da Nação só resta um caminho, unir amplas forças para barrar o insano, e eleger um legitimo representante comprometido com a democracia, com os interesses populares e do Brasil.

Como no passado dissera Tiradentes, lutemos antes que seja tarde.

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