Frente ampla não é retórica nem profissão de fé

O que está em jogo nesse momento crítico é o Brasil soberano, democrático e desenvolvido, a vida e o bem estar do povo brasileiro.

Manifestação em Brasília pelo impeachment de Jair Bolsonaro - Foto: Rodrigo Abdalla

Após 7 de setembro tenho observado muitas postagens de pessoas influentes na sociedade e no movimento progressista dizendo não aos atos promovidos pela direita militante que se coloca contra o Genocida. Mostram fotos deles junto com Bolsonaro et caterva, dizem agora que o impeachment é uma forma de tirar o Lula da vitória em 2022, argumentam o óbvio de sempre: não são de esquerda e democráticos.

Observo isso, não só na classe média progressista, na social democracia mais à esquerda, mas também nas fileiras revolucionárias, que todos os dias manifestam a necessidade de frente ampla para derrotar o chefete dos milicianos.

A política, além de os desejos e as vontades, precisa ser esculpida no concreto da realidade, extremamente dura e amarga nesses dias cruéis e tristes para o nosso povo. Se não sentimos na pele, imaginemos pelo menos as imensas dificuldades e perdas de uma grande maioria sem perspectiva, diante de um projeto de destruição, caos e barbárie.

Quem pensa e diz Fora Bolsonaro e só tem o seu rumo higiênico e apropriado ou se nega a agregar nessa luta os que o abandonaram por motivos diversos, falam de diferenças sem aceitá-las, de correlação de forças sem construí-las, de inimigo principal sem saber qual, de luta política sem o diálogo e ajustes necessários. Transformam a Frente Ampla para derrotar Bolsonaro em profissão de fé.

Todos e todas sabemos das dificuldades nas construções de caminhos políticos, principalmente quando a política foi desacreditada, o diálogo truncado, o conservadorismo beirando o reacionário e há um déficit de grandes líderes que pensem o Brasil, além das eleições. Porém, estamos diante de ameaças constantes de arbítrio, com um tecido social muito fragilizado, em um processo de insolvência, que não deixa espaço para pruridos e particulares.

Enterramos a ditadura militar com àqueles que a serviram de véspera, dentro do campo de batalha inventado por ela, mesmo contra a vontade de alguns de curta visão. O país elaborou sua Constituição mais avançada, com esse movimento possível, negada por alguns como fruto do pecado, mas que é o alvo principal dos inimigos da pátria.

Não, nunca foi fácil juntar diferentes em torno de objetivo comum, concreto, e não será agora. No entanto, o avanço que teve a chamada dos atos de hoje é resultado de construção sem preconceito e foco no Impeachment já. Não há dúvida que encontraremos pedras e disputas no caminho, desvios e provocações, ações distintas. Assim é o quadro político no Brasil e é nele que a luta se dá.

O que está em jogo nesse momento crítico é o Brasil soberano, democrático e desenvolvido, a vida e o bem estar do povo brasileiro. Nesse sentido, derrotar imediatamente Bolsonaro não é retórica. É salvar a nação. Esse é o tempo de avançar com todas as forças necessárias, com todos aqueles que assim desejam.

Daqui em diante, tornar-se ainda mais fundamental o povo na rua, a presença de todas as forças e lideranças democráticas, progressistas, de esquerda e revolucionárias na construção dessa arma poderosa, a Frente Ampla, para derrotar o fascistóide e sua trupe da morte, e trilhar rumos mais promissores.

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