Os falsos patriotas, por Anderson Pereira

No seu discurso durante a abertura da 76ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, Bolsonaro mentiu e distorceu várias informações.

Corri para o dicionário virtual e digitei a palavra patriotismo. “Sentimento de orgulho, amor, devolução e devoção à pátria e ao seu povo. É razão do amor dos que querem servir o seu país e ser solidários com os seus compatriotas”, informa a enciclopédia virtual. Concluo que os bolsonaristas não são patriotas.

No primeiro ano do seu governo, o senhor Jair Messias, durante cerimônia oficial nos EUA, prestou continência à bandeira daquele país.

Quase dois anos e meio depois, em julho deste ano, o governo anunciou a venda da BR Distribuidora – subsidiária da Petrobras. Entre os compradores, que pagaram pouco mais de R$ 11 bilhões, estão os EUA.

Por falar na Petrobras, só neste ano, a gasolina subiu nove vezes. Já o botijão de gás, acredite, é vendido a R$ 110 reais em algumas capitais. Apesar disso, Bolsonaro não disse uma só palavra, até aqui, em favor da mudança dessa política de preços. Hoje, os valores praticados pela empresa são negociados em dólar. Ganham os investidores internacionais, perdem os brasileiros.

Ao invés disso, Bolsonaro prefere atacar exclusivamente os governadores e tirar o foco das suas responsabilidades. Aliás, faltar com a verdade é uma das marcas desse governo. Nessa terça-feira, no seu discurso durante a abertura da 76ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, Bolsonaro mentiu e distorceu várias informações.

Na economia, ele disse que o Brasil é um dos países que mais crescem entre os emergentes. Na verdade, o Brasil aparece em 38º lugar num ranking de 48 países em desempenho do PIB do segundo trimestre. Perdemos para o México, China, Chile, Peru e Turquia. Se o governo não tivesse negado a pandemia e atrasado a compra de vacinas, talvez estivéssemos numa situação melhor.

É importante lembrar que o presidente do Brasil, entre todos os participantes da Assembleia da ONU, era o único que não tinha se vacinado. Mais um vexame para o Brasil que, segundo analistas internacionais, virou um pária no mundo.

Bolsonaro ainda distorceu informações sobre o desemprego. O Brasil tem hoje cerca de 14 milhões de desempregados e nenhuma política efetiva de geração de emprego e renda. O Ministério do Trabalho e Emprego – órgão extinto pelo próprio Bolsonaro no início da sua gestão – foi recriado este ano para abrigar aliados políticos do centrão.

Envolvido em diversos escândalos de corrupção desde os tempos de deputado Federal e agora no Ministério da Saúde, Bolsonaro disse, ainda, que o seu governo não teve nenhum desvio de recurso público (sic)

O governo “patriota” mente que nem sente. Na contramão do mundo e de qualquer patriotismo, Bolsonaro já anunciou que pretende privatizar também outras empresas estratégicas como os Correios, a Eletrobras e até o Banco do Brasil.

No início de agosto, o Projeto de Lei 591/21, de autoria do Executivo, foi aprovado pela Câmara dos Deputados. O PL autoriza a venda dos Correios que, só nos últimos 20 anos, lucraram R$ 12,4 bilhões.

Além de lucrativa, a empresa tem importância social para os brasileiros. Graças ao trabalho dos Correios, regiões remotas do país são atendidas com serviços postais e bancários. Dificilmente, uma empresa privada, que só visa o lucro, continuará a atender essas áreas mais afastadas. 

Quanto à Eletrobras, a Lei 14.182/21, que facilita a privatização da empresa, foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) em julho deste ano. Vender a empresa é inaceitável sob todos os aspectos, ainda mais nesse momento em que se discute o racionamento de energia elétrica.

Sobre o Banco do Brasil, quem não se lembra da fala do ministro da Economia Paulo Guedes?

– Tem que vender essa p* logo –, disse ele durante reunião ministerial em abril do ano passado.

No início deste ano, os patriotas começaram o desmonte da instituição financeira. Centenas de agências foram fechadas, algumas em áreas remotas, e milhares de trabalhadores dispensados. Perde o Brasil e os brasileiros, ganham os bancos estrangeiros.

Essa é, em resumo, a política entreguista dos falsos patriotas.

“Conhecereis a verdade e a verdade nos libertará”.
(João 8:32)

Autor