As patranhas atlantistas

Dois papagaios do “atlantismo” – ou seja, do imperialismo EUA/OTAN/UE – escrevem no jornal português Público (3.10 e 6.10). Não têm qualquer importância em si, mas a cartilha que seguem tem.

O horizonte é planetário – o Atlântico já vai no Pacífico. As patranhas para justificar o acelerar da deriva militarista têm barbas – a “guerra-fria” contra a China repete o guião da guerra-fria contra a URSS. Tal como antes, a escalada de agressão é “defensiva”. Repete um que a criação da Otan – nada menos que seis anos antes do Pacto de Varsóvia – teve o objetivo de “conter a ameaça soviética na Europa”. O mantra atual é o “expansionismo chinês”.

Os EUA foram os primeiros a criar a arma nuclear, os únicos a utilizá-la – no monstruoso crime de Hiroshima e Nagasaki. Os primeiros a criar bombardeiros estratégicos intercontinentais, submarinos nucleares, porta-aviões nucleares, ogivas múltiplas, munições de nêutrons, todo o colossal arsenal que incessantemente desenvolvem. Em nenhum país do mundo a perspectiva da guerra tem semelhante peso na investigação científica e tecnológica, o negócio da guerra tem semelhante peso industrial e na bolsa de valores.

Tudo isto por razões “de segurança e defesa”, dizem. Proclamam que o Pacífico adquiriu “nova centralidade estratégica”. Não deram conta que é no Pacífico que os EUA têm, sobretudo desde o final da II Guerra Mundial, empreendido, apoiado e fomentado mais guerra e mais ampliado a presença militar. Tal como antes no cerco à URSS (que depois se aproximou e envolveu ainda mais o território russo), agora no cerco à China.

Diz a autora de uma das prosas que se trata de “preservar os padrões internacionais do comércio”. Para ela, o significado presente do “atlantismo” é o de atrelar os envolvidos a uma economia em declínio, cuja principal perspectiva de sobrevivência consiste na guerra.

É nesses termos que assume particular gravidade a declaração de António Costa (primeiro-ministro de Portugal, do PS) de que “não existe alternativa duradoura ao bloco euro-atlântico”, que é “um pilar insubstituível da defesa da democracia, da segurança, da estabilidade e da prosperidade global”. Aqui a patranha coloca-se a outro e mais perigoso nível de responsabilidade.

Fonte: Avante!

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