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Porto Alegre: Grupo antivacina agride vereadores e exibe suástica

Violência no debate sobre passaporte vacinal foi marcada por racismo contra vereadoras do PCdoB

Movimentação de plenário da Câmara em Porto Alegre. Na foto, desentendimento entre manifestantes contrários a "passaporte vacinal" e vereadores.

A sessão da Câmara de Vereadores de Porto Alegre que analisou, nesta quarta-feira (20), o veto do prefeito Sebastião Melo (MDB) à exigência de passaporte vacinal, foi marcada por socos e empurrões. Um grupo de cerca de 30 pessoas ingressou nas galerias da Câmara para protestar contra o passaporte vacinal, muitos vestindo roupas em verde e amarelo ou portando adereços em alusão às cores nacionais.

Em determinado momento, a exibição de um cartaz com o símbolo da suástica nazista foi o rastilho de pólvora para conflagrar o ambiente que já estava tenso.

Vereadores se opuseram à exibição do cartaz e solicitaram à segurança da Câmara que impedisse. A partir de então, teve início a confusão entre o grupo, parlamentares e funcionários da Casa. Os manifestantes comparam a exigência do passaporte vacinal na Capital às práticas totalitárias do nazismo e ao cerceamento da liberdade.

“Isso dá a dimensão da dificuldade do debate”, analisou a vereadora Karen Santos (PSOL), destacando que o discurso antivacina tem sido alimentado por vereadores da extrema-direita. Para ela, a pressão das galerias “é do jogo” da disputa política, com exceção da violência.

Por sua vez, o vereador Leonel Radde (PT) conta que teve uma assessora agredida na confusão e reclamou da falta de ação da Guarda Civil Municipal (GCM).

O vereador Cláudio Janta (SD) também foi agredido. “Eu acho engraçado que quando chega aqui os estudantes, os rodoviários, quando chega demais segmentos o nosso Salão Adel de Carvalho está lotado com policia especial da nossa guarda municipal. Quando chega fascistas, tem um homem com a insígnia nazista dentro dessa casa, o que é constitucionalmente proibido por lei… agredir o vereador Robaina, exijo que seja retirado”, expôs Janta.

O vereador Pedro Ruas (PSOL) denunciou as agressões sofridas pelo vereador Janta dentro do Plenário.

Após um período de troca de empurrões entre os manifestantes e seguranças da Câmara, o grupo foi finalmente retirado das galerias.

A votação acabou por manter o veto do prefeito Melo ao passaporte, embora não tenha valor na prática, já que o governo do Estado implementou na última segunda-feira (18) a exigência do documento para uma série de atividades.

Vereadores de oposição exibem suástica levada pelos negacionistas.

Racismo

Além disso, insultos foram proferidos às vereadoras negras Bruna Rodriques e Daiana Santos, ambas do PCdoB, bem como à vereadora Laura Sito (PT). De acordo com as vereadoras, eles se dirigiram a elas, chamando-as de “empregada” e de “lixo”.

“Um bando de gente fascista, nazista veio para cá lutar contra o passaporte vacinal inclusive com cartazes com suástica, com camisetas antivacina e armaram uma grande confusão no plenário”, conta a petista.

“Bateram em vereadores, sendo racista com as nossas vereadoras. Fomos chamadas de empregadas, de lixo. Pessoas dizendo que eram lindas porque elas eram loiras, e que nós éramos lixo, entre várias outras ofensas. Vamos tomar as medicas cabíveis contra isso, é inadmissível que o fascismo que toma conta do Brasil interdite o funcionamento democrático das nossas casas legislativas”, completou Laura.

Bruna e Daiana, através da rede social, também comentaram o episódio, afirmando que os manifestantes vão ter que aprender a respeitar quem é legitimo. “Pessoa chegou com uma suástica aqui, isso é o ápice do desrespeito. Chamar pessoas negras, as três únicas mulheres negras que hoje estão aqui na casa (a vereadora Karen estava em agenda externa) chamar de empregada, nunca mais! Vão aprender a respeitar, não vamos permitir que isso aconteça. Não é possível que tenhamos que passar por isso, essa gente racista, fascista. E o pior, cadê a guarda militar?”, postou Daiana.

“Quando falamos que a gente passa mais tempo se defendendo, se auto-cuidando do que discutindo projeto, é porque os fascistas aqui trazem a sua base para nos combater. Por isso, é importante a gente denunciar, não vão nos coagir, nos isolar, porque nós sabemos quem a gente veio representar, é a ciência, a educação, a saúde”, disse Bruna.

Fotos: Elson Sempé Pedroso/CMPA

Fonte: CUT-RS com Luciano Velleda – Sul21 e Fabiana Reinholz – Brasil de Fato

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