Dallagnol sai do Ministério Público para “fazer mais pelo país”

Às vésperas do prazo eleitoral, o procurador chefe da Lava Jato acusado de abuso político na prisão de Lula, diz que o combate à corrupção está enfraquecido.

(Foto: Reprodução do YouTube)

O procurador da República Deltan Dallagnol anunciou hoje (4) nas redes sociais que vai pedir desligamento definitivo do Ministério Público Federal (MPF). Servidor concursado, Deltan atuou como chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba entre 2014 e 2020, que levou à prisão do ex-presidente Lula. 

Em um vídeo postado na internet, o procurador disse que passou 18 anos no Ministério Público, mas que o trabalho de combate à corrupção vem sendo enfraquecido. 

“Eu creio que agora eu posso fazer mais pelo país fora do Ministério Público, lutando com mais liberdade pelas causas em que eu acredito. Às vezes, é necessário dar um passo de fé na direção dos nossos sonhos. Eu tenho várias ideias sobre como eu posso contribuir e serei capaz de avaliar, refletir e orar melhor sobre essas ideias depois de sair do Ministério Público. Assim que essas ideias se concretizarem em planos e ações, eu vou compartilhar com vocês”, afirmou. 

Em setembro do ano passado, Deltan deixou o comando da Lava Jato no Paraná após seis anos no cargo. Na ocasião, ele afirmou que se afastou por questões de saúde em sua família.

Procurador partidarizado

A Lava Jato acabou atuando como um partido político para, de forma ilegal, prender Lula, tirando-o das eleições de 2018, e ajudando candidatos de alinhados com a ideologia de direita neoliberal. Para executar tal plano, foi fundamental garantir que os casos de Lula fossem julgados em Curitiba, por Sérgio Moro, mesmo que o ex-juiz não tivesse competência para isso, o que acabou levando à anulação de todas as ações e decisões, inocentando Lula.

Em setembro de 2020, Dallagnol foi punido pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) por postagens publicadas nas redes sociais contra a candidatura de Renan Calheiros (MDB) à presidência do Senado, em 2019.

Na oportunidade, o conselho entendeu que Deltan cometeu infração disciplinar por suposta tentativa de interferência na disputa.

A punição de censura, que atrasa a progressão de carreira dos procuradores, foi confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em março de 2021.

Leia também:
Dallagnol armou para que substituto de Moro fosse aliado da Lava Jato
Gravações revelam que Dallagnol comemorou a vitória da extrema direita
Dallagnol achou “capenga” denúncia contra Lula no caso do Triplex
Por que as mensagens entre Moro e Dallagnol devem ser reveladas ao público?
Moro, Dallagnol e outros procuradores são alvo de notícia-crime na PGR
A pedido de Dallagnol, Moro agiu para impedir nomeação de Lula como ministro
Dallagnol propõe ‘fazer algo’ contra Gilmar Mendes, revela novo diálogo
Mensagens confirmam que Moro e Dallagnol tramaram denúncia contra Lula
Em entrevista à CNN, hacker diz que Lula era o foco de Moro e Dallagnol
Deltan Dallagnol é condenado no CNMP por ingerência política
Dallagnol sai da Lava Jato, mas será responsável pelo abuso de poder

Autor