A esquerda bem informada
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Conscientização “positivou” saldo do primeiro ano de vacinação contra covid

Esper Kallás lembra a importância da vacinação ao longo do último ano e incentiva a imunização de crianças que o País inicia nesta segunda-feira

As primeiras doses das vacinas pediátricas chegaram ao Brasil no último dia 13 – Foto: Pfizer
 

Ouça acima a entrevista com Esper Kallás

Há um ano, o Brasil iniciou o processo de imunização contra o coronavírus em São Paulo ao vacinar a enfermeira Mônica Calazans, primeira pessoa imunizada no País. Aqui, atualmente, enfrenta-se uma nova fase da pandemia, com o aumento do número de casos com a variante ômicron e se inicia a vacinação de crianças a partir desta segunda-feira (17). Esper Kallás, infectologista e professor do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, comenta à Rádio USP sobre os saldos positivos da campanha vacinal brasileira e a urgência da vacinação infantil.

“As vacinas contribuíram enormemente para o enfrentamento da pandemia”, comenta Kallás, ao lembrar que o Brasil teve quatro imunizantes aplicados ao longo do último ano. Em novembro de 2020, por exemplo, o grupo de idosos acima de 60 anos representava 79% das mortes por infecção pelo coronavírus. Após o início da vacinação, de acordo com uma análise do banco de dados do SUS feita pelo veículo Poder360, a faixa etária passou a representar quase 58% das mortes, uma diminuição evidente e que foi possível devido à imunização. Kallás analisa que a vacinação trouxe muitos impactos positivos e um deles foi a queda de internação de idosos durante a segunda onda, que aconteceu entre maio e junho.

“Nós não sofremos da mesma forma que os outros países com a onda delta graças à vacinação”, lembra o infectologista.

Ômicron e vacinação infantil

A variante omicrôn, classificada como variante de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi descoberta em novembro do ano passado e, desde então, causou o aumento do número de casos de infecção em todo o mundo, batendo o recorde de 3,2 milhões de casos em 24 horas e aumento de 600% da média móvel no Brasil.

Mais transmissível e mais agressiva em não vacinados, Kallás explica que a variante omicrôn causa sintomas leves da covid-19 em vacinados e que a vacina é o fator que impede o desenvolvimento de quadros graves da doença. “Mesmo que o vírus passe pela defesa inicial e comece a causar um quadro de nariz entupido, dor de garganta, dor de cabeça e um pouco de febre, a vacina está protegendo a pessoa de não ir parar no hospital”, avalia Kallás, ao lembrar que, na Europa e nos Estados Unidos, mais de 95% das internações por covid-19 são de pessoas não vacinadas.

Ele também reforça a importância da conscientização sobre a efetividade da vacina e o cuidado que as pessoas devem ter com a desinformação. “A vacina tem cumprido o seu papel na proteção de doença grave”, enfatiza Kallás. Ele reforça que o mesmo se aplica quando se pensa na vacinação das crianças contra a covid-19 no Brasil, país que tem histórico muito positivo em relação à vacinação de crianças, vide a erradicação dos casos de paralisia infantil. “Os cálculos são todos favoráveis à utilização das vacinas”, comenta. “Se a gente conseguisse vacinar as mais de 35 milhões de crianças que vivem no Brasil hoje, a gente ia conseguir prevenir ao redor de 3 mil internações de crianças com covid-19.”

As primeiras doses das vacinas pediátricas chegaram ao Brasil na última quinta-feira (13), após uma semana do anúncio pelo Ministério da Saúde sobre a inclusão de crianças de 5 e 11 anos de idade no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a covid-19 (PNO). A vacinação começou de forma simbólica na última sexta-feira (14), em um evento organizado pelo governo de São Paulo, no qual o indígena Davi Seremramiwe Xavante, de 8 anos, foi a primeira criança a ser vacinada. A vacinação desse público começa a partir desta segunda-feira e segue os mesmo critérios de prioridade que os adultos, ou seja, serão vacinadas inicialmente crianças indígenas, quilombolas e crianças com alguma comorbidade ou deficiência. “O escalonamento é meramente porque não temos vacinas suficientes, então vamos começar com os grupos mais vulneráveis”, explica Kallás.

Edição de entrevista à Rádio USP

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