Parlamento russo ratifica acordo de cooperação com Donetsk e Lugansk

A Duma do Estado (câmara baixa russa) ratificou hoje um acordo de amizade e cooperação, inclusive na esfera da defesa, assinado entre este Rússia e as autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk

O presidente russo, Vladimir Putin, assinou ontem o acordo com os principais líderes de Donetsk, Denis Pushilin, e Lugansk, Leonid Pasechnik, logo após reconhecer essas autoproclamadas repúblicas no sudeste da Ucrânia como independentes. Os deputados introduziram uma modificação ao projeto de lei de homologação inicial, ressaltando que o acordo rubricado entra em vigor imediatamente.

O acordo estipula, entre outros aspectos, que cada parte signatária concederá o direito à construção ou uso de bases militares e outras instalações por suas forças armadas.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia pediu que outras nações se unam ao reconhecimento da soberania de Donetsk e Lugansk, cuja população, considerou, é vítima de um genocídio pelo governo ucraniano.

Para a Rússia, o bloqueio total econômico e de transporte de Donbass, onde estão Donetsk e Lugansk, e a suspensão do pagamento de pensões e subsídios para seus habitantes pelo governo ucraniano constituem um genocídio de seu próprio povo.

Donetsk e Lugansk denunciaram os ataques do exército ucraniano contra sua infraestrutura civil nos últimos dias, o que levou a uma evacuação geral de seus civis para a Rússia, enquanto o governo ucraniano garante que suas forças não realizam tais ações.

No verão de 2020, as autoridades de Kiev e as regiões rebeldes de Donbass concordaram com os termos de uma trégua, um compromisso que foi retomado em dezembro de 2021. Ambas as partes agora se acusam mutuamente de violar esse acordo.

Rússia oferece segurança

De acordo com um memorando do Kremlin, para atender ao pedido feito pelos Ministérios de Defesa de Donetsk e Luhansk de cumprimento do ponto três do acordo de amizade e cooperação recentemente assinado, será necessário assegurar a presença de forças russas no local para manter a paz.

Após a chegada à Rússia de mais de 80.000 civis das referidas repúblicas, em meio a denúncias dos rebeldes de ataques realizados pelo exército ucraniano, Putin realizou ontem uma reunião do Conselho de Segurança Nacional, onde foi decidido reconhecer as referidas repúblicas. .

Além disso, o chefe de Estado também encarregou o Ministério das Relações Exteriores de manter conversações com Donetsk e Lugansk para o estabelecimento de relações diplomáticas, em meio à rejeição de Kiev à decisão de reconhecer esses territórios como soberanos.

O acordo assinado na véspera estipula que a proteção dos limites das autoproclamadas repúblicas será realizada conjuntamente pelas tropas russas e daquelas regiões. Em caso de qualquer risco de segurança, serão realizadas consultas, afirma o documento.

Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, descreveu a reação do Ocidente à decisão de seu país de reconhecer as regiões ucranianas mencionadas como algo já esperado.

Referindo-se ao pedido de sanções contra a Rússia por parte da União Europeia e dos Estados Unidos, Lavrov estimou que os colegas ocidentais por décadas tinham o hábito de culpar tudo ao seu país.

O chefe da diplomacia russa afirmou que sua nação garantirá a segurança de Donetsk e Lugansk, localizadas na região carbonífera de Donbass.

Os acordos de Minsk, assinados em setembro de 2014 e fevereiro de 2015, foram pisoteados pelo governo ucraniano, assim que assinados, pelo então presidente Piotr Poroshenko, destacou o diplomata.

Em vez de defender o documento para parar a guerra e preservar a integridade territorial da Ucrânia, Poroshenko tentou se justificar perante seu Parlamento, observou o ministro das Relações Exteriores.

Lavrov lembrou que o então ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Pavel Klimkin, declarou que os acordos de Minsk eram apenas um pedaço de papel que de forma alguma compromete o Estado vizinho com seus postulados.

Fonte: Prensa Latina