Combater o assédio nas escolas sempre, por Jade Beatriz

A escola cumpre papel imprescindível no combate ao machismo e ao assédio, pois é nela que se estruturam as primeiras relações interpessoais

Foto: Reprodução/Instagram

O mês de março está terminando e não podemos parar de falar do assédio sexual sofrido pelos jovens nas escolas. Toques sem consentimento, comentários sobre o corpo, constrangimentos, brincadeiras inadequadas e preconceituosas, essas são situações que, infelizmente, fazem parte do cotidiano das e dos estudantes. Não bastam as preocupações com o acesso à educação durante a pandemia, as e os estudantes têm que conviver com o medo do assédio por parte de colegas e professores no retorno às aulas presenciais.

O problema do assédio não é recente, porém é fato que o ensino remoto facilitou o contato privado entre professor e aluno, e entre alunos, por meio das redes sociais, principalmente o WhatsApp. Esse é apenas um dos fatores que aumentaram os casos de assédio nas escolas, que começaram de forma virtual e alguns se concretizaram no retorno às aulas presenciais. A escola deve ser um espaço de acolhimento e seguro, nela não pode existir assédio.

É notável como assédio atinge principalmente as jovens. Essa é uma das consequências do machismo estrutural e do patriarcado na sociedade, a naturalização da violência contra as mulheres. E, infelizmente, na escola acaba não sendo diferente. Mas, afinal, quais são as saídas para combater essas situações na escola? O Grêmio Estudantil é fundamental para combater o assédio. Em muitos casos, o grêmio é o principal canal para receber as denúncias, fazendo a ligação com a direção ou até mesmo Ministério Público.

Além disso, intervir no âmbito educacional, de maneira que promova uma mudança cultural profunda em nossa sociedade é imprescindível. A educação sexual e a construção de uma educação emancipacionista são necessárias para combater o assédio e o machismo na sociedade. No cenário atual, em que diariamente meninas e mulheres são assediadas e violentadas, intervenções profundas são necessárias para mudar essa situação.

A escola cumpre papel imprescindível no combate ao machismo e ao assédio, pois é nela que se estruturam as primeiras relações interpessoais. Onde as crianças convivem com pessoas que não são da família, e onde adolescentes descobrem a sexualidade. Essas fases são decisivas para fomentar a forma que as pessoas tratarão as questões de gênero. A escola deve debater gênero, sexualidade e diversidade.

A educação pode emancipar a sociedade do machismo e da violência. É preciso que as/os estudantes, nas próprias vivências, possam desenvolver um raciocínio crítico a respeito do seu papel social e como indivíduo. A luta por uma escola sem assédio e uma sociedade livre da violência contra a mulher é permanente, não termina em março. E a educação pode ser uma importante aliada no enfrentamento ao assédio e as demais violências contra mulher.

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