Jornada de Lutas por Teto, Terra e Trabalho ocupa as ruas de Curitiba com 2,5 mil manifestantes

MST e movimentos populares urbanos promovem protesto pela regularização das comunidades de ocupações.

Foto: Divulgação/MST

Com concentração desde às 8h30 da manhã desta quarta-feira (13), a marcha saiu da praça Rui Barbosa, centro de Curitiba, no Paraná, e seguiu até o Centro Cívico da capital, para apresentar à sociedade e levar ao poder público a reivindicação de direitos pela regularização das áreas ocupadas por comunidades urbanas e rurais.

A ação faz parte da Jornada de Lutas por Teto, Terra e Trabalho, reuniu cerca de 2,5 mil manifestantes com o objetivo principal de denunciar o risco de despejos forçados, que ameaçam mais de 4.300 famílias urbanas e 7 mil famílias camponesas no estado.

A atividade integra as reivindicações das famílias Sem Terra “Por Terra, Teto e Pão” – lema da Jornada de Lutas em Defesa da Reforma Agrária promovida pelo MST, durante o mês de abril.

Dessa forma, a realização da marcha reúne tanto as mobilizações do MST, quanto de dezenas de movimentos populares integrantes da campanha por Despejo Zero, como o Movimento Popular por Moradia (MPM), o Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Núcleo Periférico, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, União de Moradores/as e Trabalhadores/as (UMT), Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), Frente Nacional de Luta – Campo e Cidade (FNL), e outras organizações urbanas.

Foto: Divulgação/MST

Após a marcha, um grupo de representantes de cada comunidade e representantes do poder executivo estadual, do poder judiciário e da Universidade Federal se reuniram para uma Audiência Pública de negociação. José Damasceno, que integra da Direção do MST Paraná, avalia a marcha como parte de uma construção coletiva entre trabalhadores do campo e da cidade num contexto de retomadas das lutas populares:

“A luz no final do túnel nunca apagou, mesmo em período difícil, de travessia dura, nós sempre mantemos acesa a vontade de lutar, de vencer, e nunca esquecemos a nossa história e as nossas origens. Por isso, esperançar e necessário, e vencer é possível. Com certeza venceremos, se a gente continuar com essa alto estima e essa vontade de lutar”, afirmou o dirigente.

Após as negociações, o encerramento da atividade teve almoço na Praça Nossa Senhora de Salete, preparado pelo coletivo Marmitas da Terra, ação promovida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que já doou milhares de marmitas durante a pandemia para famílias em situação de fome e insegurança alimentar.

Foto: Divulgação/MST

Por direitos da classe trabalhadora do campo e cidade

Esta é a segunda mobilização em defesa da regularização fundiária urbana e rural em Curitiba, neste ano. A primeira ocorreu no último dia 17 de março, com participação de cerca de 700 pessoas, entre elas integrantes de 12 áreas de ocupação, movimentos populares urbanos de quatro cidades, junto ao movimento indígena.

Desde esta terça-feira (12), às famílias de comunidades da periferia de Curitiba e Região Metropolitana, aldeias indígenas, de assentamentos e acampamentos rurais de todas as regiões do Paraná participam das atividades da Jornada de Lutas.

Na noite de ontem, houve uma Celebração Ecumênica no salão da Paróquia do Imaculado Coração de Maria, no bairro Rebouças. A atividade foi conduzida pelo padre Valdecir Badzinski, secretário executivo da CNBB Sul 2, com a presença de outros religiosos e religiosas. Durante a celebração houve arrecadação de alimentos para somar suprimentos às ações de solidariedade realizadas durante a Jornada.

Para famílias Sem Terra, todos os anos, desde 1997, a Jornada de Lutas ocorre no mês de abril, onde o Movimento promove ações massivas de protestos em memória aos mártires do Massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará. A tragédia ocorreu no dia 17 de abril de 1996, um crime cometido pela Polícia Militar que matou 21 agricultores Sem Terra e deixou dezenas de feridos (as) e mutilados (as), enquanto marchavam por Reforma Agrária Popular.

Fonte: MST