Grileiros ateiam fogo em acampamento de Sem Terras
Cerco à ocupação segue apesar da justiça negar pedido de despejo. Sem solução para o conflito, grileiros atearam fogo contra as famílias acampadas no Distrito Federal. Vítimas clamam socorro.
Publicado 05/05/2022 17:37 | Editado 05/05/2022 18:01
Desde o último sábado (30), 300 famílias Sem Terra ocupam área localizada no núcleo rural Rio Preto, em Planaltina, DF, denominada ocupação Ana Primavesi. Desde então, estão sendo reféns do bloqueio de fazendeiros e grileiros que reivindicam a posse da área, deixando as famílias sem água e comida.
Sem solução para o conflito agrário, nesta quarta-feira (4), grileiros atearam fogo contra as famílias acampadas, que somam vítimas com queimaduras e ferimentos devido aos ataques criminosos.
A polícia está no local, porém não atendem socorro ao acampamento que está sendo destruído pelas chamas, junto às famílias.
A ocupação está localizada em uma área pública não regularizada, alvo de especulação imobiliária. As famílias Sem Terra denunciam os agravos e exigem a retomada da política de Reforma Agrária no Distrito Federal.
Adonilton Rodrigues, da direção estadual do MST no DF, conta que esta área faz parte de um complexo de médias fazendas, todas em áreas públicas vinculadas à Terracap. “Há anos estas fazendas são exploradas e vendidas ilegalmente por setores do agronegócio da região, cumprindo um papel que estimula a grilagem de terras públicas no DF”, afirma Rodrigues.
Justiça nega ação de despejo contra o acampamento
Na manhã desta quarta-feira (4), o juiz Carlos Maroja, da Vara de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbana e Fundiário, do Tribunal de Justiça do DF, negou pedido liminar de reintegração de posse da ocupação Ana Primavesi.
Segundo a decisão proferida pelo magistrado, a situação da posse da área, que é pública, está absolutamente legal.
No entanto, há um procedimento de regularização fundiária tramitando junto aos órgãos públicos. O juiz, em sua decisão, afirma que “Ora, não se “regulariza” o que é absolutamente legal. A necessidade de regularização denota, a rigor, situação de ilegalidade, que é exatamente o que deve ser regularizado”.
Com isto, ele negou o pedido de reintegração de posse, fazendo com que as famílias possam permanecer no local.
Parlamentares tentam mediar o conflito
Ainda na terça-feira (3), aliados(as), advogados(as) do MST e parlamentares estiveram no local para viabilizarem a mediação do conflito e negociarem a passagem de um caminhão com mantimentos.
No entanto, os fazendeiros permitiram a entrada somente de água e leite, vetando a passagem de uma série de gêneros alimentícios básicos, que não são suficientes para manter as famílias que estão reféns do bloqueio criminoso.
Na negociação estiveram presentes a deputada federal Érika Kokay (PT-DF), o deputado federal João Daniel (PT-SE), Gabriel Magno, representando o gabinete da deputada distrital Arlete Sampaio (PT-DF).
“Mesmo com o MST buscando uma negociação junto ao governo para resolver a questão, os fazendeiros seguem com os ataques”, afirma a direção do MST no Distrito Federal, que pede urgência aos órgãos competentes para que os criminosos cessem os ataques, antes que uma tragédia ainda maior aconteça.
Com informações da assessoria de imprensa do MST