Empresas reduzem embalagens para driblar inflação

Caixa de fósforos perde unidades, pacotes de biscoitos diminuem e sabão fica mais leve, segundo informações da Agência Globo. Inflação acumula alta de 12% em 12 meses.

Foto: Alessandra Nogueira

Com a inflação nas alturas, a indústria está utilizando a velha tática de reduzir embalagens para fazer o preço dos produtos caber no bolso dos consumidores. O IPCA, índice usado nas metas de inflação do governo, subiu 1,06% em abril e já acumula alta de 12,13% em 12 meses. “São menos fósforos na caixa, biscoitos que encolheram e frascos mais leves do lava roupas”, segundo informa a Agência Globo.

De acordo com a reportagem, a estratégia, que já ganhou o apelido de “reduflação” virou alvo dos internautas, e as queixas viralizaram na internet. Apesar de não ser uma prática ilegal, os consumidores estão sendo atingidos porque mesmo que o preço final da embalagem seja mantido, como a quantidade é menor, na prática o item ficou mais caro. Só uma publicação recente no Twitter sobre o “sumiço” de 40 fósforos da caixa da marca Fiat Lux, que agora tem só 200 unidades, recebeu mais de 52 mil curtidas.

A agência de notícias relata que nos supermercados, os exemplos de redução de tamanho se multiplicam. O Goiabinha, biscoito clássico da Piraquê, teve sua embalagem reduzida de 100g para 75g. O Wafer de Chocolate “encolheu” de 160g para 100g. Na concorrente Nestlé, a estratégia foi a mesma. Os biscoitos das marcas Bono e Nesfit ficaram menores 10% e 20%, respectivamente. O achocolatado Nescau, da mesma fabricante, diminuiu em 7,5%. Na seção de molhos e condimentos, novos cortes. O molho de tomate refogado Salsaretti teve redução de 40g, ou 12%. Nas gôndolas de produtos de limpeza, o lava roupas líquido Brilhante e o sabão glicerinado Ypê perderam 10% de volume cada (100ml e 20g, respectivamente).

Mas a maquiagem de preços só fica caracterizada caso os fabricantes não sigam as regras de informar claramente sobre as mudanças. “As empresas ficam com medo de subir os preços e perderem clientes para marcas menores e mais baratas, porque uma vez que o cliente migre para o concorrente, esta pode se tornar a marca mais querida. Então, como estratégia, as empresas reduzem a embalagem e continuam vendendo no preço anterior. Também tem a ver com a queda do poder aquisitivo: se a pessoa não consegue comprar a mesma quantidade de antes, compra menos, e o fabricante já se adapta a essa realidade”, explica Ulysses Reis, coordenador do Núcleo de Varejo e Supermercados da FGV Rio.

Fonte: Portal iG com informações da Agência Globo