“Sou trans e vou derrotar Bolsonaro”

Marcha trans ocorreu combatendo o bolsonarismo e defendendo a visibilidade e demandas específicas dessa população, que sofre a maior parte da violência LGBTfóbica.

A 5ª Marcha do Orgulho Trans começou logo cedo na sexta-feira (17) no Largo do Arouche, no centro de São Paulo. O evento é considerado o maior da América Latina com protagonismo de travestis, pessoas transgêneros binárias e não binárias, além de aliados. Foi feito virtualmente nos últimos dois anos, mas volta a festejar a existência dessa população nas ruas com muitas trans famosas prestigiando.

O encontro teve como tema a pauta da humanidade e do futuro do trabalho e como as pessoas trans podem ser inseridas com suas demandas respeitadas pelas pessoas cisgênero. Mas o evento acabou se tornando o grito dessa população contra o presidente Jair Bolsonaro, candidato a reeleição pelo PL, assim como palco de muitas manifestações a favor da pré-candidatura do ex-presidente Lula.

De cima do trio elétrico, militantes puxavam gritos de “fora, Bolsonaro”, e ambulantes vendiam toalhas com o rosto do petista, além de várias pré-candidaturas trans que disputarão este ano. Muitas delas carregavam o cartaz do mandato da deputada federal Sâmia Bonfim (PSol-SP) que dizia: “Sou trans e vou derrotar Bolsonaro”.

Adesivos com o rosto do ex-presidente distribuído por integrantes da UJS (União da Juventude Socialista) também foram muito utilizados pelos manifestantes. Outro, com os dizeres “vote com orgulho contra o fascismo”, era assinado pelo PSOL.

Uma marca da marcha é a alegria de poder ir para a rua celebrar a existência de uma população que sofre a maior parte da violência e do preconceito. No ambiente de trabalho, estas pessoas são frequentemente barradas antes de serem admitidas, quando percebidas como trans.

“A violência contra as transexuais aumentou no Brasil, mas a população continua sua luta pelo direito de mudar o gênero no documento, mesmo sem cirurgia de redesignação de sexo. É bonito ver pessoas jovens reconhecendo seu gênero e sendo quem elas são. Nesse sentido, há um avanço”, diz a ativista Neon Cunha, que discursou para o público.

A deputada trans Erika Malunguinho

O trio elétrico saiu para uma pequena volta pelo quarteirão, e percorreu as avenidas São João e Ipiranga. Neste ano, a programação conta com show e apresentações, entre elas da atriz Angelica Ross, que atua na série Pose. Também estarão presentes a cantora Majur, Danny Bond e da deputada estadual Erika Malunguinho (PSol), que tem recebido ameaças. Mas, quem foi, pode tirar foto com muitas pessoas conhecidas e queridas das redes sociais, como Pedro HMC, Leandrinha DuArt, Erika Hilton, entre muitos outros.

A realização da marcha trans antes da grande Parada, no domingo, tem o objetivo de dar uma visibilidade especial a esta população, assim como a Marcha de Lésbicas que acontece no sábado. Como a Parada conquistou um gigantismo incomum, essas minorias acabam ficando sem destaque e protagonismo na multidão. Por isso, a necessidade de realizar sua própria manifestação destacando suas demandas, que normalmente não têm o mesmo nível de atenção que a de homens gays ou mulheres lésbicas.

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