Placa com preço de combustíveis é nova aposta eleitoreira de Bolsonaro

Ao decretar que postos devem colocar valor praticado antes e depois do teto do ICMS, presidente tenta mostrar que está fazendo algo para controlar os preços

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Mais uma medida cosmética do presidente da República busca causar a impressão, a poucos meses da eleição, de que ele estaria enfrentando a alta nos preços dos combustíveis. Agora, Bolsonaro passou a exigir que os postos de gasolina exibam o preço praticado antes e depois da lei aprovada pelo Congresso que estabeleceu o teto de 17% ao ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). 

O decreto 11.121, publicado no Diário Oficial da União na última quinta-feira (7), determina: “Os postos revendedores de combustíveis automotivos deverão informar aos consumidores, de forma correta, clara, precisa, ostensiva e legível, os preços dos combustíveis automotivos praticados no estabelecimento em 22 de junho de 2022, de modo que os consumidores possam compará-los com os preços praticados no momento da compra”.

Embora travestida de medida que visa esclarecer a população, o decreto parece mais uma forma de Bolsonaro melhorar sua imagem. O presidente vem tentando se descolar das decisões sobre o aumento dos combustíveis, buscando fixar a ideia de que a responsabilidade é apenas da Petrobras. 

Levantamentos recentes abordando o tema indicam possível resultado dessa investida. Pesquisa da Genial Investimentos/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (6), aponta que para 25% dos entrevistados, Bolsonaro é o principal culpado pelos sucessivos aumentos, enquanto 20% colocam a culpa na petrolífera. O índice é melhor para o presidente do que o levantamento anterior, de junho, quando 28% atribuíam a culpa a Bolsonaro e 16% acusavam a estatal. 

E no mercado?

Talvez coubesse questionar se Bolsonaro, tão “zeloso” com a verdade, não gostaria de fazer o mesmo no comércio com o preço dos alimentos. O leite, por exemplo, saltou mais de 37% em 12 meses até junho, de acordo com o IBGE. O feijão carioca subiu quase 30% no mesmo período, enquanto carnes como contrafilé aumentaram mais de 13%, e ovos e frango, juntos, acumularam mais de 20% de alta. 

Não por acaso, nove em cada dez brasileiros sentiram que os preços nos supermercado aumentaram muito nos últimos meses, segundo aferição feita pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). E isso traz preocupação para as famílias brasileiras, sobretudo às de estratos mais vulneráveis. Pesquisa do BTG Pactual/FSB divulgada no final de junho apontou que a inflação é o principal problema econômico para 23% dos entrevistados e o segundo maior para 14%.