Agressões de Bolsonaro às mulheres incluem ameaças, xingamentos e até murro

Trajetória de Jair Bolsonaro, mesmo antes de chegar à presidência, é pautada por agressividade e truculência.

Foto: Midia Ninja

O histórico de agressões do presidente Jair Bolsonaro (PL) às mulheres é antigo, longo e de conhecimento público. O atual chefe do executivo não faz questão alguma de esconder seu machismo e misoginia. Porém, às vésperas da eleição e em busca do eleitorado feminino, o presidente tenta limpar essa imagem ao mesmo tempo em que seus apoiadores tentam emplacar fake news contra Lula a qualquer custo.

Relembre o histórico de agressões de Bolsonaro a mulheres, que incluem ao menos dois casos de agressão física (admitidos por ele) e inúmeros comportamentos desrespeitosos e ofensivos contra jornalistas e parlamentares no exercício de suas funções.

Murro e ameaças

O comportamento agressivo e ameaçador de Bolsonaro vem de muito tempo. Episódios ocorridos há muitos anos ajudam a compreender a formação do caráter do homem que hoje governa o país. Durante campanha eleitoral para se reeleger deputado federal, em 1998, Bolsonaro esmurrou por trás a cabeça de Conceição Aparecida, então funcionária da Planajur, empresa de consultoria jurídica que prestava serviços para o Exército. Conceição discutiu com uma apoiadora de Bolsonaro e acabou esmurrada pelo então deputado. Na época, o Jornal do Brasil noticiou a agressão, e o próprio Bolsonaro admitiu ao jornal ter cometido a violência.

Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro, e mãe do quarto filho do presidente, Jair Renan, também foi vítima de ameaça. Em 2011, a Embaixada do Brasil na Noruega entrou em contato com Ana Cristina para questionar por que ela havia se mudado para o país europeu com o filho, então adolescente, sem uma autorização expressa do pai. Ela, então, disse que havia sido ameaçada de morte por Bolsonaro e questionou se poderia pedir asilo na Noruega. A afirmação de Ana Cristina foi registrada em uma comunicação diplomática e noticiada por diferentes jornais, como a Folha de S. Paulo e o Correio Braziliense.

“Ela queria dar um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim”.

Para muitos, uma piada. Para quem enxerga a mulher com um ser digno de respeito, um ato nojento, reprovável em todos os níveis. O presidente da República, sem a mínima vergonha, deu a um jargão jornalístico conotação sexual para insultar a jornalista Patrícia Campos Mello por ter publicado reportagens sobre um esquema de disparo de mensagens em massa contra o PT para favorecer Bolsonaro nas eleições de 2018.

Ele foi condenado em primeira e segunda instâncias. Uma vitória de Patrícia e de todas as mulheres.

“Dá que eu te dou outra. Vagabunda. Chora agora”.

Em 2003, no Salão Verde da Câmara dos Deputados, em frente às câmeras de uma emissora de televisão, o então deputado federal, Jair Bolsonaro, não demonstrou nenhum constrangimento ao insultar a também deputada Maria do rosário, do PT. A parlamentar afirmou que, com seus discursos e posições políticas, Bolsonaro promovia a violência contra a mulher. O que foi de pronto comprovado. Em resposta, Bolsonaro disse: “Eu sou o estuprador agora? Não vou estuprar você porque você não merece”. Ele ainda chamou a parlamentar de “vagabunda” e a empurrou.

Onze anos depois, em 2014, no Plenário da Câmara ele repetiu o ato. Maria do Rosário acabara de fazer um discurso defendendo que os torturadores da ditadura militar fossem responsabilizados. Bolsonaro, que sempre defendeu torturadores, tomou a palavra em seguida e se dirigiu à deputada de maneira agressiva: “Não saia, não, Maria do Rosário, fique aí. Há poucos dias, você me chamou de estuprador no Salão Verde e eu falei que eu não estuprava você porque você não merece. Fique aqui para ouvir”.

Brasília – Em 2016, Bolsonaro discute com Maria do Rosário durante comissão geral, no plenário da Câmara dos Deputados, que discute a violência contra mulheres e meninas, a cultura do estupro, o enfrentamento à impunidade e políticas públicas de prevenção, proteção e atendimento às vítimas no Brasil (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

No dia seguinte, em entrevista ao Jornal Zero Hora, ele repetiu mais uma vez: “Ela não merece porque ela é muito ruim, porque ela é muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria. Eu não sou estuprador, mas, se fosse, não iria estuprar porque não merece”.

Por três vezes o então deputado, ao afirmar que a parlamentar “não merece ser estuprada”, admitiu que outras mulheres podem ser. Pela atitude, após recursos que chegaram até o Supremo Tribunal Federal, ele foi condenado a indenizar e se desculpar com Maria do Rosário.

Fraquejada

Talvez de todas as falas machistas de Bolsonaro, a que mais causa repulsa é a em que ele agride a própria filha. “Eu tenho 5 filhos. Foram 4 homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher”. A frase mostra que o seu desprezo não se direciona a uma ou outra mulher de quem ele eventualmente discorde ou que seja de espectro político contrário ao dele, mas a todas as mulheres.

Bolsonaro odeia mulheres. Na sua visão, mulheres são fracas, são frutos de um erro, um deslize. À época, Laura, sua filha caçula, tinha apenas seis anos. E já foi alvo da “piada” do pai. Seus irmãos não reprovaram a fala, pelo contrário, consideraram apenas mais uma “brincadeira” do pai.

Discriminação

Em entrevista também durante a campanha presidencial em 2018, Bolsonaro protagonizou um embate com Renata Vasconcellos, no Jornal Nacional. Questionado pela jornalista sobre declarações anteriores em que minimizou a importância da desigualdade salarial entre homens e mulheres, tentou constranger a profissional insinuando que ela receberia menos que o outro apresentador, Willian Bonner, apesar de exercerem a mesma função.

Antes e depois de eleito Bolsonaro deu inúmeras declarações contra a igualdade de remuneração entre homens e mulheres. Para ele, arranjar emprego pode se tornar “quase impossível” para as mulheres, caso sancione o Projeto de Lei 130/2011, que amplia a multa contra empresas que praticam discriminação salarial contra trabalhadoras. O projeto foi aprovado pelo Senado e tramita agora na Câmara.

Ao jornal Zero Hora, em 2014, disse achar justo uma mulher ganhar menos que um homem para fazer o mesmo trabalho, pois pode engravidar e tirar licença maternidade.

Os argumentos do presidente só reforçam a desigualdade, atacam um direito das mulheres e ameaçam anos de luta por isonomia.

Cala a boca

Por vezes Bolsonaro direcionou sua fúria e preconceito de gênero contra jornalistas, numa clara tentativa de inibir o exercício da imprensa no país.

Em junho de 2021, em Guaratinguetá, questionou pelo fato de ter chegado ao local sem usar máscara, conforme exigia a lei estadual, o presidente mandou a repórter Laurene Santos, da TV Vanguarda, afiliada da Globo, “calar a boca”.

Dias depois, perdeu o controle novamente. Ao ser indagado sobre o atraso de vacinas contra a Covid-19 e o escândalo dos contratos do imunizante indiano Covaxin, o presidente mandou Victoria Abel, da Rádio CBN, voltar para a faculdade, e que ela “deveria na verdade voltar para o ensino médio, depois para o jardim de infância e aí nascer de novo”.

Em outra ocasião, furioso, dirigiu gritos em tom ameaçador à Adriana de Luca, da CNN Brasil. Ele disse: “Você está empregada aonde? (sic). “Pare de fazer perguntas idiotas”. Durante conversa com apoiadores na entrada do Palácio Planalto, Jair Bolsonaro xingou a jornalista Daniela Lima, da CNN Brasil, de “quadrúpede”.

Violência é característica do governo Bolsonaro

A gestão de Bolsonaro é pautada pela agressividade e truculência. Todos esses episódios evidenciam que o presidente, além de não ter apreço algum pelas liberdades de expressão e de imprensa, odeia mulheres.

O Brasil precisa de alguém que priorize o amor ao ódio, o diálogo ao atrito, a paz à guerra, a igualdade à discriminação. Lula representa todos esses pontos e mostrou isso nos seus oito anos como presidente da República.

Em ato de campanha realizado nesta quinta-feira (18), em Belo Horizonte, Lula se comprometeu, se eleito, com a construção de um país sem racismo e com igualdade de gênero. “Nós não queremos que a mulher continue sendo tratada como se fosse objeto de cama e mesa nesse país. Nós queremos as mulheres sejam sujeitas da história, que elas possam fazer o que elas quiserem, do jeito que elas quiserem, e para isso elas precisam ganhar o mesmo salário de um homem que executa a mesma função.”, disse.

Assista abaixo um vídeo feito pelos Jornalistas Livres, em 2018, com recortes de agressões feitas por Bolsonaro.

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Com informações de Lula.org

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