Bolsonaro é hostilizado no HC: “por que não veio na pandemia?”

Estudantes e trabalhadores da instituição cobraram presidente por não ter valorizado atuação dos profissionais de saúde durante as piores fases da Covid-19

Profissionais da Saúde protestam contra a gestão de Bolsonaro na pandemia em frente ao HC | Foto: reprodução/ The Intercept Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi recebido com vaias e xingamentos na noite desta terça-feira (4), por profissionais de saúde, estudantes e trabalhadores do Hospital das Clínicas, na capital paulista, enquanto visitava dois agentes da Polícia Militar (PM) internados após serem baleados durante votação do primeiro turno das eleições em uma escola da zona sul.

Os manifestantes ficaram sabendo da ida de Bolsonaro e organizaram, em frente ao Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, cartazes com críticas pelo fato do presidente não ter feito visitas a pacientes com Covid-19 durante as piores fases da pandemia, nem valorizado a atuação dos trabalhadores da saúde no período.

O grupo também entoou gritos de ordem como: “Olha a covardia, por que não veio na pandemia?”, “Bolsonaro, pode esperar, a sua hora na cadeia vai chegar” e “Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula”. Bolsonaro ainda foi chamado de “assassino” e “genocida” pelos críticos.

Veja abaixo.

Brasil foi o país onde morreu mais gente

Vale destacar aqui que a menos de 20 dias do segundo turno das eleições, Bolsonaro resolveu dizer que deu “uma aloprada” em algumas declarações feitas à imprensa durante a pandemia. Ele justificou o motivo afirmando que “os caras” (imprensa) “batiam na tecla o tempo todo” querendo tira-lo “do sério”.

Além disso, o presidente vive dizendo que morreu gente “no mundo todo”. Porém, das 20 principais economias do mundo, o Brasil foi, proporcionalmente, o lugar em que a Covid-19 mais tirou vidas.

O  gráfico abaixo, que pode ser acessado aqui, mostra o número de mortos por coronavírus em cada grupo de 1 milhão de habitantes. O Brasil aparece em primeiro, com 3.195 mortes para cada milhão de pessoas.

Nenhum outro país do G-20 tem números tão altos. O Brasil, mesmo tendo menos de 3% da população mundial, registrou mais de 10% de todas as mortes no mundo.

Além disso, Bolsonaro empurrou os brasileiros à morte ao ignorar o que as autoridades de saúde diziam, como seus próprios ministros e a OMS, fazendo pouco caso do que acontecia. Ele também falou mal do isolamento social, tentou sabotar o lockdown feito pelos governadores e chamou a doença de “gripezinha”, dizendo para a população sair de casa e enfrentar a pandemia “que nem homem”.

Quando o número de mortes começou a escalonar, Bolsonaro, ao invés de adotar a postura que se espera de um chefe de Estado, passou a fazer piadas; imitou pessoas sentindo falta de ar e afinou a voz dizendo “ai, eu estou com Covid, estou com Covid”. Veja abaixo.

Além de fazer pouco caso da doença, Bolsonaro também atrasou a vacinação e divulgou remédios sem comprovação médica, como a Cloroquina, que foi enviada a Manaus no lugar dos tubos de oxigênio. Tudo isso ao mesmo tempo em que dizia “não” para as vacinas que eram oferecidas ao Brasil, adiando a proteção das pessoas e ceifando milhares de vidas.

Quando a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid foi instalada por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), visando apurar ações e omissões do governo e eventuais desvios de verbas federais enviadas aos estados para o enfrentamento da pandemia, o governo Bolsonaro dizia “não” para ofertas sérias de vacina, ao que tentava, ‘por baixo dos panos’ comprar doses superfaturadas e com propina.

Durante a CPI, que durou seis meses e foi encerrada com 80 pedidos de indiciamento, foram apresentadas estimativas de que, se Bolsonaro agisse como deveria, 400 mil vidas poderiam ter sido salvas e não podemos chamar isso simplesmente de “aloprada”.

Enquanto o mundo era assolado por uma crise sanitária sem precedentes, o presidente do Brasil era Jair Bolsonaro – o pior presidente do mundo durante a pandemia, que, em vez de escolher proteger o seu povo, escolheu espalhar o vírus. E isso não pode ser esquecido.

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Com informações de agências.

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