Em aceno a Lula, pastores Silas Malafaia e Edir Macedo pregam o perdão

Em oito anos no Planalto, Lula encampou iniciativas de interesse dos neopentecostais, como a Lei da Liberdade Religiosa, o Dia Nacional do Evangélico e o Dia Nacional da Marcha para Jesus.

As igrejas neopentecostais – que adeririam em peso à candidatura à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) – já acenam para o outro lado. Passados poucos dias da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições 2022, pastores evangélicos como Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, e Edir Macedo, da Igreja Universal, pregam o perdão.

Ainda no domingo (30), em meio à apuração dos votos, Malafaia tuitava que “A vontade soberana do povo se estabeleceu”. Dois dias depois, na terça-feira (1), o líder evangélico ampliou o recado. “O cara ganhou? Meu papel é orar por ele – esse é o meu papel. Já fiz a oração aqui na igreja”, declarou à Folha de S.Paulo.

Na mesma entrevista, Malafaia rejeitou se somar ao golpismo bolsonarista. “Para contestar o resultado, tem que ter provas sobre provas, com muitas provas robustas, para dizer que houve fraude, né?”, afirmou. “Eu não embarco em aventura de ninguém sem provas. Essa é a minha posição”. Segundo o pastor, “venceu, venceu, perdeu, perdeu”.

Edir Macedo – que apoiou os governos Collor, FHC, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro – pediu mais tolerância com o presidente eleito: “É isso o que o diabo quer – que o Brasil fique com ódio do Lula. Ele (o diabo)quer acabar com a sua fé e relacionamento com Deus por causa de outras pessoas”. Para o líder da Universal, é preciso reconhecer a escolha dos eleitores. “A maioria escolheu o Lula e nós não podemos ficar com mágoa”, disse Macedo nesta quinta-feira (3). “O Senhor fez a Sua vontade.”

Mais representantes evangélicos que apoiaram Bolsonaro saíram em defesa de Lula. “É preciso orar para que o Brasil cresça e reconhecer esse resultado”, pontuou o apóstolo Renê Terra Nova, da Igreja Internacional da Restauração, de Manaus. A seu ver, “vem aí o melhor Governo que a esquerda já fez”. Conforme o apóstolo Estevam Hernandes, da Renascer em Cristo, “Jesus nos deu o desafio de orar até pelos nossos inimigos. Em caso de política, não temos inimigos, mas sim divergentes”.

Em oito anos no Planalto, Lula encampou iniciativas de interesse dos neopentecostais, como a Lei da Liberdade Religiosa, o Dia Nacional do Evangélico e o Dia Nacional da Marcha para Jesus. Seu legado para o segmento parecia ignorado. Mas, após quatro anos de trevas bolsonaristas, a luz parece voltar – para todos.

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