Site é novo elemento a reforçar caráter de organização de atos golpistas

Página na internet arrecada recursos e ajuda a mobilizar manifestações antidemocráticas e ilegais feitas por bolsonaristas que não querem aceitar resultado das urnas

Ato golpista em Porto Alegre. Foto: Joana Berwanger/Sul21

A Polícia Civil de Goiás identificou um site usado por grupos golpistas para organizar e arrecadar recursos usados nos atos antidemocráticos que vêm sendo realizados por bolsonaristas pelo país desde a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

O endereço do domínio foi identificado em faixas usadas em protestos na cidade de Goiânia, nas imediações de um quartel militar. Os bolsonaristas pedem intervenção militar e questionam o resultado das urnas, apesar de as autoridades eleitorais e observadores terem chancelado a lisura do pleito.

Segundo a Polícia Civil, o endereço eletrônico descoberto leva a uma página da web “que fornece acessos a grupos em apps (aplicativos) como Telegram, WhatsApp, solicita doações e também fornece informações a respeito das paralisações existentes no país”.

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O documento onde constam essas e outras informações sobre a investigação foi encaminhado ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que tem acompanhado o caso. 

Outro ponto destacado pelo relatório é que o local dos protestos em Goiânia tem estrutura que conta com banheiros químicos e tendas que fornecem, de forma gratuita, refeições e bebidas, o que vem ocorrendo em outros estados também. “Em tais barracas, havia cartazes solicitando doações através de Pix, sendo possível levantar informações dos responsáveis pelo recebimento”, diz o relatório. 

Procuradores do Ministério Público Federal (MPF) detectaram estruturas desse tipo e materiais padronizados em outros estados, o que desmente o discurso de que os atos golpistas seriam manifestações espontâneas e reforça que os mesmos são orquestrados e financiados com polpudos recursos, advindos especialmente de empresários aliados do atual presidente. Na avaliação de procuradores, trata-se de “uma grande organização criminosa com funções predefinidas”.

O financiamento também está sendo rastreado e já foi identificada a participação de empresários. Há poucos dias, o MPF abriu denúncia contra três empresários de Mato Grosso do Sul. Uma das apurações que estão em andamento aponta ainda que Emílio Dalçoquio Neto, que atua no ramo de transportes em Santa Catarina, teria sido um dos líderes dos bloqueios ilegais ocorridos no estado. 

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Apuração da Agência Pública, com dados colhidos junto a documento da Polícia, aponta ainda que caminhões a serviço da Havan, do empresário Luciano Hang, aliado de primeira hora de Bolsonaro, teriam sido enviados para os bloqueios em estradas. 

Além do caráter de organização criminosa desse movimento, procuradores também apuram denúncias de violações de direitos, abrangendo o impedimento do direito de ir e vir dos cidadãos; o uso de mulheres, crianças e idosos como escudo humano; o discurso de ódio e a prática de gestos similares aos utilizados por nazistas.