Vereador bolsonarista é acusado de assédio após agarrar vereadora do PT

Carla Ayres (PT) foi abraçada e beijada sem seu consentimento por Marquinhos da Silva (PSC) durante sessão na Câmara Municipal de Florianópolis (SC); assista ao vídeo.

Reprodução/CMF no YouTube

A vereadora Carla Ayres (PT) foi assediada durante sessão na Câmara Municipal de Florianópolis (SC) desta quarta-feira (7), pelo vereador bolsonarista Marquinhos da Silva (PSC). No vídeo, gravado pela própria Casa Legislativa, é possível ver o momento em que a vereadora passa perto de Marquinhos, que estava sentado até então. Nesse momento, ele se levanta e puxa a parlamentar pelo braço, agarrando-a à força e tenta beijá-la.

A parlamentar usou as próprias redes sociais para denunciar a situação lamentável. “No dia em que aprovamos a Procuradoria da Mulher na Câmara Municipal de Florianópolis, mais uma cena de assédio que precisamos lutar para que não ocorra nas ruas e nos parlamentos do nosso país. Não é brincadeira se só um riu!”, desabafou.

Em nota publicada em seu site, Carla Ayres explica o ocorrido e diz que não é possível aceitar como “brincadeira” algo considerado “inaceitável”. No documento ela cobra uma posição “contundente” da Câmara Municipal e do Judiciário, afirmando que a postura do vereador bolsonarista confronta “decoro parlamentar”, agredindo não apenas a ela “mas todas as mulheres de Florianópolis que historicamente foram sub-representadas no parlamento municipal.”

A vereadora considera ainda mais grave, o “crime ter acontecido na mesma sessão em que foi aprovada a criação da Procuradoria da Mulher na Câmara Municipal de Florianópolis.” Dentre as atribuições da procuradoria está o recebimento, análise e encaminhamento aos órgãos competentes das denúncias de violências e discriminação contra a mulher.

A nota diz ainda que a vereadora registrará um Boletim de Ocorrência pelos crimes de importunação sexual e violência política de gênero, para que o vereador Marquinhos seja responsabilizado por seus atos.

Leia a íntegra:

Na sessão ordinária da última quarta-feira (7), fui agarrada à força pelo Vereador Marquinhos (PSC), após descer da tribuna durante a discussão de um projeto na Câmara Municipal de Florianópolis. O parlamentar me puxou pelo braço e quando tentei me soltar, ele levantou, me agarrou por trás e tentou me beijar contra a minha vontade. As imagens da TV Câmara mostram minha indignação diante daquela situação, enquanto Marquinhos ria do ocorrido.

Diante dos casos sucessivos de importunação sexual e violência política de gênero no nosso país, não podemos aceitar como “brincadeira” o que há tanto tempo lutamos para dizer que é inaceitável. A postura do vereador confronta o decoro parlamentar e agride não apenas a mim, mas todas as mulheres de Florianópolis, que historicamente foram sub-representadas no parlamento municipal.

Ainda mais grave é o fato de o crime ter ocorrido na mesma sessão em que foi aprovada a criação da Procuradoria da Mulher na Câmara Municipal de Florianópolis. A proposta foi apresentada pela Comissão da Mulher, na época de minha presidência, e reapresentada pela Mesa Diretora, como determina o regimento. Dentre as atribuições da procuradoria está o recebimento, análise e encaminhamento aos órgãos competentes das denúncias de violências e discriminação contra a mulher.

O fato, que ganhou repercussão nacional em face das imagens publicadas em nossas redes sociais, precisa de uma resposta contundente da Câmara Municipal de Florianópolis e do Judiciário. Inclusive, iremos encaminhar à Mesa Diretora uma representação para que convoque imediatamente a Comissão de Ética da Câmara Municipal de Florianópolis para que se manifeste acerca da quebra de decoro. Também irei registrar um Boletim de Ocorrência pelos crimes de importunação sexual e violência política de gênero, para que o parlamentar seja responsabilizado por seus atos.

Reitero a minha disposição de continuar lutando contra todas as formas de violência política de gênero e contra a violência cotidiana que milhares de mulheres sofrem diariamente no nosso país. Não iremos retroceder, nem silenciar na busca por responsabilização pessoal e institucional decorrente de práticas violentas contra as mulheres do nosso país.

Florianópolis, 08 de dezembro de 2022.
Carla Ayres

Vereadora | PT Florianópolis

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