Papa Francisco exalta nova beata brasileira assassinada

Isabel Cristina Mrad Campos foi beatificada 40 anos após sua morte; pontífice pediu aos jovens que “exemplo heroico” da mártir os estimule “a darem generoso testemunho de fé”

Com apenas 20 anos, Isabel Cristina foi violentada, agredida, amordaçada e esfaqueada, mas lutou contra seu agressor | Foto: reprodução/Vatican News

Após a oração do Angelus na Praça de São Pedro no Vaticano, na manhã deste domingo (11), o Papa Francisco falou sobre a beatificação de Isabel Cristina Mrad Campos, assassinada de forma brutal aos 20 anos em 1982, em Juiz de Fora (MG), e pediu “um longo aplauso” à nova beata brasileira.

“Ontem em Barbacena, no Brasil, foi beatificada Isabel Cristina Mrad Campos. Essa jovem foi assassinada em 1982, aos 20 anos, por conta do ódio à fé por ter defendido a sua dignidade como mulher e o valor da castidade. Que seu heroico exemplo possa estimular em particular os jovens para tornar isso um generoso testemunho da fé e de adesão ao Evangelho”, disse aos presentes durante o Angelus.

A nova beata, cujo martírio foi reconhecido pelo Papa em 2020, foi morta após o homem contratado para prestar serviços no apartamento em que ela morava com o irmão tentar estuprá-la, ao que ela resistiu. Isabel teve as roupas rasgadas, foi agredida, amarrada e amordaçada antes de ser morta com 15 facadas. O brutal assassinado dela foi considerado pelos católicos um verdadeiro martírio e os fiéis compararam a jovem vítima à Santa Maria Goretti, que também morreu lutando contra seu agressor.

A nova beata Isabel Cristina

O túmulo de Isabel Cristina está localizado na igreja de Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena, e é um local de peregrinação para fiéis que saem de diferentes pontos do Brasil para depositar bilhetes com orações e pedidos de graça.

Proclamação da beatificação

A cerimônia de beatificação de Isabel aconteceu no sábado (10) em Barbacena, cidade em que Isabel Cristina nasceu. A celebração foi presidida pelo cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito de Aparecida, que fez reflexões durante a homilia sobre a morte do corpo, mas não da alma, e disse que a jovem beata não teve medo de quem matou seu corpo.

Em sua homilia, segundo o UOL, o pároco citou uma passagem evangélica da liturgia do dia em que Jesus diz a seus Apóstolos: “Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma”, em referência ao martírio de Isabel. Citando Santo Oscar Romero, bispo e mártir salvadorenho, disse: “O martírio é uma graça de Deus, que eu não mereço. Com o sacrifício da minha vida, espero que meu sangue seja semente de liberdade e sinal de que a esperança se tornará realidade”.

Durante o rito, foi lido no ato de proclamação da Beata escrito pelo Papa Francisco. “Através de nossa autoridade apostólica evidenciamos que a venerável serva de Deus Isabel Cristina, fiel leiga, mártir, alegre testemunha da caridade evangeliza pelos enfermos por amor de Cristo até a efusão do sangue defendeu sua virgindade e dignidade seja invocada de agora em diante com o nome de Beata Isabel Cristina e possa ser celebrada no dia 01º de setembro, dia em que ela nasceu para o céu.”

O irmão de Isabel, Paulo Roberto Mrad Campos, e outros familiares estavam presentes à cerimônia que reuniu cerca de 10 mil pessoas no Parque de Exposições de Barbacena. “O martírio de Isabel Cristina nos leva também a pedir a Deus a graça de que as mulheres sejam respeitadas em sua dignidade; que cessem a exploração e os crimes sexuais contra as mulheres; que cesse o feminicídio! Não tenhamos medo de romper as cadeias da violência e da opressão”, afirmou o pároco Damasceno, de acordo com a Arquidiocese de Mariana.

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com informações de agências

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