Entidades pedem federalização das investigações de agressões a jornalistas

Sindicatos de profissionais de imprensa denunciaram que houve pelo menos 14 relatos de agressões, equipamentos roubados ou depredados. Denunciam ainda truculência da polícia do DF.

Foto: Agência Brasil

Em meio a dezenas de denúncias de agressões contra profissionais da comunicação registradas durante os atos antidemocráticos na capital federal no último domingo (8), entidades de jornalistas participaram de audiência com o secretário de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta e profissionais da imprensa do governo federal, nesta segunda-feira (9), para pedir a federalização nas investigações desses casos.

Segundo o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) e a Federação Nacional de Jornalistas (Fenarj), houve pelo menos 14 relatos de profissionais que foram agredidos e impedidos de realizar seu trabalho, além de terem seus equipamentos roubados ou depredados.

O Sindicato e a Fenaj divulgaram nota, ainda no domingo (8), onde se solidarizam com os colegas feridos durante o exercício da profissão e denunciaram a ausência de apoio policial por parte dos militares do DF, que além de não darem qualquer apoio aos profissionais da imprensa atingidos, ainda os trataram com violência. “Uma colega relatou que um dos policiais chegou a apontar um fuzil para ela”, aponta o relatório entregue à Secom.

Leia também: Encontro de todos os poderes e 27 governadores reafirma força da democracia no Brasil

Em nota, o sindicato dos jornalistas do DF aponta que “todos os acontecimentos em curso são resultado da inoperância do governo do Distrito Federal, de setores da segurança pública e Forças Armadas, que permitiram a escalada da violência e se mostraram coniventes com os grupos bolsonaristas, golpistas, que não respeitam o resultado das eleições, a Constituição e a democracia”.

Juliana Cézar Nunes, coordenadora-geral do SJPDF, que participou da reunião com Pimenta afirmou à Agência Brasil que “os relatos dos colegas mostram que os terroristas estavam orientados sobre como nos identificar e como abordar, com exigência de apagar ou confiscar material. Houve um padrão de abordagem, inclusive na forma de ameaçar”, relatou.

A partir dos relatos, foram identificados, a participação dos policiais militares no constrangimento aos colegas, que não foram acolhidos nem protegidos pelos agentes de segurança, mesmo sob ameaça dos extremistas”, contou a sindicalista.

Leia também: Manifestações reforçam defesa da democracia e isolam bolsonarismo

As entidades presentes pediram para que o governo estude a federalização de crimes contra jornalistas e comunicadores, além de, no curto prazo, determinar a identificação e punição de todos os responsáveis pelas agressões contra profissionais da imprensa. Agora sob intervenção do governo federal, a Segurança Pública do DF será acionada para abrir um canal de escuta aos comunicadores vítimas de violência.

“Em que pese que em todas as reuniões do sindicato com a área de Segurança Pública do DF, os profissionais de imprensa ficaram desprotegidos. Por isso, muitos colegas estão com medo de registrar boletim de ocorrência na polícia após esses eventos”, revelou Juliana.

Participaram ainda do encontro com o secretário, representantes da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), da organização Repórteres sem Fronteiras, e de outros profissionais da imprensa, incluindo a ex-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Tereza Cruvinel, que foi agredida com chutes e empurrões por golpistas na Esplanada dos Ministérios.

O ministro Paulo Pimenta afirmou que “há a preocupação do governo federal em demonstrar publicamente a solidariedade aos profissionais de comunicação e confirmar o compromisso com a liberdade no exercício do trabalho jornalístico. Nosso desejo é, dentro das várias iniciativas que estão sendo adotadas, fazer um capítulo especial com relação aos jornalistas”.

Durante a reunião, as entidades também concordaram com a necessidade de estabelecer diálogo com os empregadores para cobrar e alertar sobre a necessidade de adoção de medidas de segurança mitigatórias aos riscos. Durante a cobertura dos atos violentos de vandalismo, muitos jornalistas estavam sozinhos.

Nos últimos quatro anos, o sindicato tem denunciados incessantes ataques ocorridos “contra a liberdade de imprensa, o jornalismo e os jornalistas – muito especialmente contra as mulheres”.

Com informações da Agência Brasil

Autor