Governo Federal resgata mais de mil indígenas doentes nas terras Yanomami
A emergência humanitária na região foi decretada pelo governo Lula na última sexta-feira (20) e contém uma série de medidas humanitárias.
Publicado 25/01/2023 12:42 | Editado 25/01/2023 17:05
O governo federal, através do Ministério da Saúde, já resgatou, até o momento, mais de um mil indígenas em estado grave de saúde da comunidade Yanomami em Roraima.
Após cinco dias do decreto, o secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Ricardo Weibe Tapeba, informou que desde então, o único hospital infantil do estado recebeu pelo menos 29 crianças Yanomamis que foram resgatadas com quadros de desnutrição severa, pneumonia e malária.
Integrantes da Força Nacional do SUS estão fazendo os atendimentos médicos. Eles chegaram a Boa Vista no fim da tarde de segunda (23) e estão atendendo os casos gravíssimos. Segundo os profissionais, o hospital de Boa Vista está superlotado. Atendendo cerca de 700 indígenas, enquanto a capacidade básica do local é de 200 atendimentos. Outros doentes têm sido encaminhados ao posto de Surucucu, uma unidade de saúde precária.
O número de resgatados deve aumentar nos próximos dias, após as visitas dos agentes de saúde nas comunidades locais.
O trabalho é feito em conjunto com o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Yanomami, a Casa de Saúde Indígena (Casai), a Secretaria Estadual de Saúde de Roraima e a Secretaria Municipal de Saúde.
A ajuda humanitária inclui ainda a organização e o envio de suprimentos, alimentos e medicamentos às comunidades. O Exército Brasileiro também está atuando na missão de apoio às ações interministeriais para atendimento aos indígenas. A missão teve início neste domingo (22), com militares do Exército prestando os serviços de logística, de saúde e a distribuição de cestas básicas.
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Outra providencia solicitada pelo presidente Lula que visitou a região no domingo, é a melhoria de pistas de pouso de aeronaves nas regiões mais próximas às comunidades.
Responsabilidades
O secretário de saúde indígena disse que pretende implantar auditoria interna para acompanhar a responsabilidade nestes casos. “É um absurdo a gente pensar nessa possibilidade, de desvio de recursos para medicamentos, por exemplo. Estamos acompanhando um cenário bem complicado também no contrato de horas voos, que é o principal aqui do Distrito. A gente não pode pensar desse serviço ser paralisado”, concluiu.
A maior reserva indígena do Brasil, o Território Yanomami, com pelo menos 30 mil habitantes vive uma crise sanitária e de segurança alimentar sem precedentes. A reserva conta com mais de 370 aldeias e quase 10 milhões de hectares que se estendem por Roraima, pela fronteira com a Venezuela e pelo o estado Amazonas.
O Ministério dos Povos Indígenas estima que ao menos 570 crianças tenham morrido de fome, desnutrição e contaminação pelo mercúrio somente em 2022.
A Força Nacional do SUS existe desde 2011 e atua em casos de gravidade, como uma epidemia. É convocada por quem chefia o Ministério da Saúde.
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A emergência humanitária é consequência direta dos cortes nos recursos para a saúde indígena protagonizadas pelo governo Bolsonaro e pela tomada das terras indígenas pelo garimpo nos últimos anos. O número de garimpeiros na terra Yanomami passou de 20 mil em 2022, quase o tamanho da população de 28 mil povos originários na região.
O Ministério da Saúde informou que está realizando uma missão com o objetivo de elaborar um diagnóstico sobre a crise sanitária no território. “Nos últimos anos, a população Yanomami passou por desassistência e dificuldade de acesso aos atendimentos de saúde. Casos de desnutrição e insegurança alimentar, principalmente entre as mais de 5 mil crianças da região, foram registrados”, apontou em nota.