Turquia e Síria perdem 2.300 pessoas em terremoto, até o momento

Partido Comunista Turco divulga comunicado aos brasileiros. Síria vem de sistema de saúde abalado pela guerra. Mercado reage derrubando economia da Turquia.

Vista aérea dos escombros de um prédio desabado em Hatay, Turquia

Um terremoto de magnitude 7,5 seguiu-se ao devastador terremoto de 7,8 no sudeste da Turquia, também causando danos no norte da Síria. A devastação ocorre em meio a um inverno intenso e uma economia em frangalhos nos dois países, além das sequelas da devastação da guerra na Síria.

Pelo menos 912 mortes foram registradas na Turquia, enquanto cerca de 1400 pessoas morreram em áreas controladas pelo governo e pela oposição na Síria.

O presidente turco Recep Erdogan disse que 5.385 pessoas ficaram feridas, acrescentando que não poderia prever o quão alto o número de vítimas aumentaria.

Partido Comunista Turco

O Partido Comunista da Turquia (TKP) enviou comunicado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB), em que ressalta a gravidade da destruição e danos causados. Segundo o TKP (Türkiye Comünist Partisi), o principal terremoto de magnitude 7,7 ocorreu no leste do país às 4h17. O centro do terremoto foi Kahramanmaraş/Pazarcık. Sete centros e distritos da cidade foram afetados. As cidades afetadas são principalmente Kahramanmaraş, Gaziantep, Diyarbakır, Şanlıurfa, Malatya, Hatay e Osmaniye.

“Significa uma área muito ampla, de fato. De acordo com as informações que temos recebido, existem zonas bastante afetadas em cada uma destas cidades. Algumas dessas áreas estão distantes umas das outras, o que dificulta o gerenciamento da crise. O terremoto também foi sentido em nosso país vizinho, a Síria, e causou destruição em massa”, diz o comunicado.

Segundo os últimos dados oficiais, chega a 2.300 as vítimas que perderam a vida na Turquia e na Síria, fora os milhares de feridos. “Lamentamos dizer que as dimensões da destruição parecem bem maiores e esses números continuarão a aumentar”, afirmam.

Muitos cidadãos sob os destroços esperam para serem resgatados. O TKP diz que “os tremores secundários” continuam, embora sejam de magnitude tão grande quanto o tremo primário. “Um recente de magnitude 7,6 ocorreu em Kahramanmaraş/Elbistão, às 13h34”.

O TKP imediatamente formou uma mesa de crise, após o terremoto. “Uma equipe de camaradas partiu para a região para coordenar o trabalho de resgate e solidariedade no campo. Identificando rapidamente as necessidades da região, iniciamos atividades solidárias em todo o país”, diz o comunicado.

Há graves problemas de transporte e telecomunicações, o que torna difícil saber a situação de militantes e dirigentes comunistas na região. “Camaradas, recebemos várias mensagens de solidariedade de vocês até agora. Muito obrigado por todas elas. Compartilharemos uma nota mais detalhada sobre a situação esta noite e informaremos sobre o potencial trabalho de solidariedade internacional”, diz o texto encaminhado pelo PCdoB ao Portal Vermelho.

Perdas inestimáveis

Imagens ao vivo da mídia local mostraram um prédio desabando na cidade de Malatya durante o último terremoto.

O setor médico sírio está esgotado devido à longa guerra na Síria. As pessoas são tratadas em hospitais, até mesmo em corredores, e há escassez de suprimentos de sangue.

Há também perdas de patrimônio histórico como os danos causados ao Castelo de Gaziantep (Turquia), de mais de dois mil anos. Ele remonta ao Império Hitita, e posteriormente expandido sob o Império Romano, foi danificado no terremoto.

Um vídeo postado pela mídia local mostrou que partes do castelo desabaram, com alguns detritos supostamente caindo na estrada abaixo.

Ajuda internacional

Dezenas de países já mobilizam ajuda aos países atingidos. Irã, UE, Israel, Índia, Rússia, Catar e Ucrânia estavam entre os países que prometeram ajuda nesta segunda-feira.

A União Europeia disse que dez equipes de busca e resgate foram mobilizadas para ajudar nas operações de emergência na Turquia.

“Dez equipes de busca e resgate urbano foram rapidamente mobilizadas da Bulgária, Croácia, Tchequia, França, Grécia, Holanda, Polônia e Romênia para apoiar os socorristas no terreno”, disseram os comissários da UE Josep Borrell e Janez Lenarcic em um comunicado.
A Itália e a Hungria também ofereceram suas equipes de resgate, disse o comunicado.

Vladimir Putin

A Rússia, que é estreitamente aliada do presidente sírio, Bashar al-Assad, mantém uma presença militar significativa no país e auxilia na luta contínua contra grupos de oposição. Putin também tem um forte relacionamento com o presidente Recep Tayyip Erdogan, da Turquia, um membro da OTAN que, no entanto, procurou mediar o conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
“Por favor, aceite minhas profundas condolências pelas numerosas baixas humanas e destruição em larga escala causada por um forte terremoto em seu país”, disse Putin em sua mensagem a Erdogan na segunda-feira.
Separadamente, Putin disse a al-Assad que a Rússia compartilhava “a tristeza e a dor daqueles que perderam seus entes queridos” e disse que a Rússia estava pronta para fornecer ajuda.

Mercado implacável

Para piorar, a lira da Turquia e as ações turcas caíram para novo recorde de baixa após o terremoto. O cataclisma se soma às pressões pré-existentes de um dólar forte, riscos geopolíticos e inflação.

A economia do país já está se deteriorando, não vai bem. Os preços estão subindo, a inflação anual está em torno de 80 por cento. 

“Os trágicos eventos com a parte sul da Turquia sendo atingida por um forte terremoto são fonte de incerteza adicional antes das eleições cruciais que provavelmente serão realizadas em maio”, disse Piotr Matys, analista sênior de câmbio da In Touch Capital Markets, à Reuters. agência de notícias.

A resposta de emergência da Turquia ao terremoto se tornará uma questão crítica nas próximas eleições em maio, que decidirão se Erdogan continua como presidente do país, bem como a composição da legislatura.

A tragédia ocorre em um momento muito delicado em termos de clima e também das condições políticas que estão se desenrolando na Turquia.

Matéria atualizada às 11h40 com informações do Partido Comunista da Turquia

Com informações da Aljazira