Sabesp planeja demissão em massa para acelerar privatização, diz site

“Sem dúvida um PDV nesta situação é preparar a empresa para a privatização”, fala presidente do Sintaema.

Foto: Sabesp

A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) continua no noticiário. Agora a informação é que o governo de São Paulo prepara um PDV (Plano de Demissão Voluntária) para a empresa, informa o UOL.

Conforme foi apurado, o PDV pode acontecer no segundo semestre e atingir 3 mil funcionários, o que representa 25% do total de funcionários.

A informação surge em meio às discussões sobre a privatização da Companhia, como quer o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. O estado de São Paulo é o acionista majoritário da Sabesp com 50,7% das ações. Dessa forma, o estado controla a gestão da companhia de economia mista que opera em 375 municípios.

A empresa negou para a reportagem que qualquer plano de demissão esteja em curso.

Preparação

“Sem dúvida um PDV nesta situação é preparar a empresa para a privatização”, diz o presidente do Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo), José Faggian, ao Portal Vermelho.

Apesar disso, o sindicalista ressalva que as informações ainda não são oficiais, tanto que a empresa negou a situação publicamente. No entanto, os trabalhadores já esperam por algo nesse sentido.

“Este é um rumor que existe na empresa, o de que está se preparando um PDV ou PDI (Programa de Demissão Voluntária ou Incentivada) para enxugar o quadro. Isso significa perder um quarto da nossa mão de obra, que é qualificada e presta serviço de qualidade, pois foi preparada ao longo de décadas”, diz.

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Segundo o presidente do Sintaema, caso venha a se concretizar o PDV, como indica o UOL, haverá uma piora no atendimento à população.

“Há uma perda de qualidade porque se perde a mão de obra dos profissionais treinados. Também se perde Know-how, porque esses trabalhadores não teriam tempo de passar conhecimento para novos funcionários”, indica Faggian, ao ressaltar que a luta do Sindicato é pela contratação de novos funcionários via concurso, para que o conhecimento dos antigos trabalhadores seja passado para os novos.

“[O PDI ou PDV] caso venha a acontecer, legitima o avanço da terceirização, porque o que os atuais trabalhadores fazem passaria a ser feito por terceirizados. Sabemos que os terceirizados têm condições muito precárias para exercer as funções e recebem menores salários”, alerta.

“Sem o mesmo compromisso e sem o mesmo conhecimento, [os terceirizados] acabam prestando um serviço de menor qualidade para a população”, completa Faggian.

Atos contra a privatização

No dia 14, os trabalhadores de saneamento e energia protestaram em frente à Bolsa de Valores “B3”, em São Paulo. O presidente do Sintaema avaliou o ato: “Foi acima da expectativa quanto ao número de pessoas e trabalhadores que participaram quanto na representatividade. Conseguimos reunir ali deputados, vereadores, lideranças sociais, muitos movimentos sociais, além de mais de 10 estados representados por meio de sindicatos de trabalhadores do setor de saneamento. Foi bastante importante a manifestação contra a privatização”, afirma.

Para os próximos meses, Faggian explica que novas atividades devem ocorrer.

“Vai ser um ano de muita mobilização contra o processo de privatização. Vamos construir para o dia 22 de março, o Dia Mundial da Água, uma atividade de massa. Além disso, continuam as atividades da Frente Parlamentar contra a privatização da Sabesp, organizada na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), e nas Câmaras de vereadores em todo o estado”, finaliza.