Bolsonaristas estão apavorados com chance de delação de Anderson Torres

Em conversas fechadas, Flávia Sampaio Torres, mulher do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, afirmou que ele está com depressão e se sentindo abandonado

Anderson Torres e Bolsonaro (Foto: Marcos Corrêa/PR)

O desligamento do advogado Rodrigo Roca da defesa de Anderson Torres, preso em Brasília por suposto envolvimento nos atos golpistas do 8/1, sinalizou que o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro pode fazer delação premiada e incriminar diretamente Bolsonaro.

Roca é ligado ao senador Flávio Bolsonaro para quem advogou no caso das rachadinhas. O blog de Malu Gaspar, de O Globo, diz que o desligamento do advogado  colocou em alerta aliados de Bolsonaro, preocupados com a possibilidade de ele fazer delação premiada ou algum gesto que prejudique o ex- presidente na Justiça.

“Foi o último movimento de um cabo de guerra que vem acontecendo nos bastidores desde o início de março, quando o ex-ministro dispensou seu outro advogado, Demóstenes Torres, e seu time”, diz a colunista.

Em conversas fechadas, a mulher de Anderson Torres, Flávia Sampaio Torres, que fez várias visitas a gabinetes de magistrados em Brasília, procurando uma forma de ser recebida por Alexandre de Moraes, afirmou que o ex-ministro está com depressão e se sentindo abandonado.

Leia mais: Anderson Torres é preso acusado de facilitar ação

“A prisão de Torres é o símbolo do bolsonarismo atrás das grades, enquanto o ex-presidente está solto. Para tirá-lo da cadeia, é preciso revirar toda uma narrativa”, avaliou um interlocutor do ex-ministro.

De acordo com a colunista, nos últimos tempos, a própria Polícia Federal enviou recados a Torres sobre a receptividade a uma eventual delação. A sequência de fatos – a saída de advogados, a depressão de Torres, a iniciativa da mulher e a proximidade da PF – criou um clima de preocupação no bolsonarismo.

“O nervosismo ficou patente há duas semanas, quando Torres foi prestar depoimento como testemunha ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no âmbito de uma ação que pode tornar Bolsonaro inelegível por conta dos sucessivos ataques ao sistema eleitoral. Os advogados do ex-presidente tentaram impedir a realização do depoimento, interromperam um questionamento sobre o teor da minuta golpista achada na casa do ex-ministro e pediram ao TSE que fosse mantido em sigilo a fala de Torres”, lembrou.

Autor