Elenco feminino do Corinthians protesta contra a chegada de Cuca

As “brabas da Fiel” se juntam a setores da torcida contra a chegada do técnico, por estupro em 1987

Foto: reprodução/Redes Sociais

O elenco feminino do Corinthians publicou, neste domingo (23), manifesto contra a contratação do novo técnico do futebol masculino, Cuca. As atletas se unem a setores organizados da torcida corintiana que repudiam a chegada do treinador, condenado por participação em um estupro em 1987, na Suíça.

“’Respeita as Minas’ não é uma frase qualquer. É, acima de tudo, um estado de espírito e um compromisso compartilhado. Ser Corinthians significa viver e lutar por direitos todos os dias”, diz o manifesto.

Alexi Stival, conhecido no mundo do futebol como Cuca, foi contratado pelo Corinthians para assumir o comando técnico do time masculino, após a derrota contra o Argentino Juniors, na quarta (19), pela Libertadores, em Itaquera, derrubar o técnico Fernando Lázaro.

Os protestos da torcida do Corinthians, no entanto, foram pipocando pelas redes sociais. Torcedores se indignavam com a decisão do presidente do clube, Duílio Monteiro Alves, em contratar um profissional que já foi condenado pela justiça Suíça por participação em um estupro coletivo a uma menina de 13 anos, em Berna.

À época, Cuca era jogador do Grêmio, que excursionava pela Europa. Outros jogadores do tricolor gaúcho também foram detidos. Eduardo Hamester, Henrique Etges, Fernando Castoldi e Cuca ficaram presos durante um mês.

Os brasileiros foram acusados de manterem relações sexuais sem consentimento com a adolescente que tinha ido a concentração para pegar autógrafos dos jogadores. Dois anos depois do incidente, a justiça suíça determinou 15 meses de prisão aos condenados por atentado ao pudor com uso de violência.

Apesar da condenação os jogadores nunca cumpriram a pena, uma vez que o Brasil não extradita seus cidadãos.

A manifestação das jogadoras do Corinthians foi publicada quando o cronômetro da partida entre Corinthians e Goiás, pelo campeonato brasileiro masculino, apontou os 87 minutos, uma clara analogia ao ano que ocorreu o estupro.

Todo o elenco feminino aderiu ao protesto, além do técnico, Arthur Elias, e membros da comissão técnica.

Na sexta (21), um dia depois do anúncio oficial da contratação de Cuca, grupos de corintianos foram até o Centro de Treinamento Joaquim Grava para exigir a saída do treinador. As torcidas organizadas do Corinthians, como Camisa 12, Pavilhão 9 e a Estopim da Fiel, publicaram nota oficial contra a chegada do técnico.

Coletivos de torcedores também se posicionaram. O Movimento Toda Poderosa Corinthiana (MTPC) também repudiou a decisão da diretoria. “Não cabe na bandeira da história do Corinthians ser manchada por essa vergonha. Um país onde uma mulher é vítima de estupro a cada 10 minutos. O Corinthians tem a responsabilidade sendo time do povo, de preservar e respeitar suas TORCEDORAS e as mulheres brasileiras. O futebol não pode ser lugar que acolhe crimes e passa pano”, diz um trecho da Nota Oficial do movimento.

O Coletivo Democracia Corinthiana também se posicionou: “Na mesma semana em que lançam uma camisa em alusão a Democracia Corinthiana, a diretoria do clube dá um passo para trás e marca um verdadeiro gol contra. Não aceitamos essa contratação!”

O Corinthians foi um dos primeiros clubes a investir com mais seriedade no futebol feminino. A modalidade surgiu no clube em 1997, mas em 2008 foi paralisada. Em 2016, o clube reativou o departamento e de lá para cá empilhou títulos. As “brabas da Fiel”, como carinhosamente foram apelidadas, conquistaram quatro campeonatos brasileiros, três libertadores e três paulistas.

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