Justiça decreta prisão preventiva de preparador de time peruano por racismo

Caso testa a capacidade da Conmebol de lidar com o racismo no futebol. Desde que a confederação mudou as punições é a primeira vez que o suspeito é membro de uma comissão

Foto: Vitor Chicarolli/ Meu Timão

O Tribunal de Justiça de São Paulo negou, nesta quinta (13), habeas corpus ao preparador físico do Universitario, clube peruano que enfrentou o Corinthians pela Sul-Americana, na quarta (12). Sebastian Avellino Vargas foi preso em flagrante sob suspeita de injúria racial a torcedores do Corinthians.

Após o jogo, Vargas foi levado ao 65° Distrito Policial, nas imediações da Arena Corinthians, e foi assessorado por representantes do Consulado do Peru, apesar de ser uruguaio. Durante a tarde de quinta, o suspeito passou por audiência no Fórum Criminal da Barra Funda, onde teve a prisão em flagrante convertida para preventiva.

Imagens mostram o preparador do Universitario fazendo gesto racista para torcida do Corinthians durante o aquecimento dos jogadores reservas, em meio a partida.

Em nota oficial, o Universitario considerou “inadmissível, humilhante e ultrajante” o fato de Sebastian Vargas ter sido detido pelas autoridades e passado uma noite na prisão.

“Repudiamos esse tipo de humilhação por parte das autoridades brasileiras que pretendem, sem nenhuma prova, realizar prisões arbitrárias”, diz a nota do clube peruano.

 Foto: Laura Fonseca

“Ao longo do jogo um grupo de adeptos da equipe local lançou insultos e cuspiu nos nossos jogadores e equipe técnica. Essas mesmas pessoas que cometeram insultos, ao final do jogo, acusaram o preparador físico de atos discriminatórios. Essa acusação distorcida e subjetiva é a que as autoridades brasileiras validaram como verdadeira, sem direito a réplica, pelo que ordenaram sua prisão e transferência para uma delegacia de São Paulo”, justificou o clube.

O caso vai testar a capacidade da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) em lidar com o racismo no futebol do continente. Desde que a Conmbebol endureceu as punições em 2022 já houve 14 casos de racismo registrados na Libertadores e Sul-Americana. Todos partiram de torcedores.

Torcedor do Boca Juniors é detido por suspeita de atos racistas na Arena Corinthians, em 2022 Foto: Reprodução

Após cinco casos de racismo direcionados a torcedores de clubes brasileiros em partidas da Libertadores, quase todos na mesma semana de abril de 2022, a Conmebol, enfim, alterou o artigo do código disciplinar sobre discriminação.

Até então, o flagrante de insultos racistas por parte de torcedores tinha multa mínima de 30 mil dólares para o clube envolvido. Depois da fatídica semana, o valor subiu para US$100 mil (R$480 mil).

A confederação já abriu investigação para apurar o caso e determinou que a Unidade Disciplinar da Conmebol avalie o comportamento do preparador físico.

Desde a mudança de postura da Conmebol, no entanto, é a primeira vez que o suspeito é um membro de uma comissão, um funcionário do clube de futebol, e não um torcedor nas arquibancadas.

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