BNDES dobra crédito rural e valor chega a R$4 bi

Sem rusgas, o governo identificou maior necessidade pela modalidade de crédito em evento que ministro da Agricultura foi preterido, a Agrishow

Foto: CNA/Wenderson Araújo

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou na terça-feira (9) um crédito suplementar de R$ 2 bilhões para produtores rurais, o que dobra o valor antes anunciado. Com isso, a linha BNDES Crédito Rural na modalidade com referencial fixo em dólar chegará a R$ 4 bilhões.

Este incremento se dá pela identificação de alta procura por este tipo de recurso. De acordo com o Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA), esta identificação foi constatada nada menos que na Agrishow, feira de tecnologia agrícola privada pela qual os organizadores preferiram receber Jair Bolsonaro no primeiro dia de evento do que o ministro do MAPA, Carlos Fávaro.

Pois bem, os organizadores do evento abdicaram de anúncios dessa estatura e outras demandas importantes para o setor que poderiam ser atendidas com a presença de Fávaro em Ribeirão Preto, local da feira, para dar palco ao ex-presidente que pouco fez para os produtores, mas atendia a demandas ideológicas de parte do agronegócio.

Como mostra de que o governo Lula não joga contra o Brasil, ao contrário do governo anterior, a linha do BNDES Crédito Rural na modalidade com referencial de custo em dólar, anunciada em 17 de abril pelo ministro Fávaro e o presidente do Banco, Aloizio Mercadante, foi dobrada mesmo após a situação com a Agrishow.

Conforme o Ministério da Agricultura e o BNDES, para receber o crédito, o “agricultor deve possuir receitas em dólar ou atreladas à moeda americana, de modo a minimizar riscos cambiais”.  O custo para o produtor será de 7,59% ao ano, mais variação cambial, com prazos totais de 25 a 120 meses e carência de até 24 meses. Conforme indicação do Banco, as condições são “extremamente competitivas, melhores do que as disponíveis no mercado.

Os agentes financeiros cadastrados poderão ter acesso ao protocolo de operações a partir do próximo dia 16.

Em nota, Mercadante disse que ao dobrar o valor o governo afasta a “possibilidade de esgotamento de recursos na linha” que visa tornar a agricultura mais “inovadora” com redução de “custos e riscos”.

“Queremos afastar qualquer possibilidade de esgotamento de recursos na linha, que tem uma condição muito favorável, permite planejamento e segurança. Ela é um dos instrumentos de que dispomos para fomentar uma agricultura cada vez mais inovadora, digital, de precisão, que reduza custos e riscos”, disse o presidente do BNDES.

A diversificação da operação com taxa fixa, em dólares americanos, se dá pela característica intensivamente exportadora da agricultura nacional e visa fomentar a produtividade pelo incentivo a modernização no campo, com máquinas e equipamentos agrícolas mais tecnológicos.

Lula e o Agro

Como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizia em sua campanha eleitoral, quando tentavam opô-lo ao setor rural: “Eu duvido que o Bolsonaro tenha feito pelo agronegócio 10% do que Lula e Dilma fizeram neste país.”

Com dados divulgados na época de campanha de Lula, nos mandatos presidenciais do PT o agronegócio teve um aumento de 335% no financiamento da produção, considerando o período entre 2002/2003 e 2015/2016.

No período, o financiamento passou de 20 bilhões para R$ 187,7 bilhões. Com valores corrigidos pelo Banco Central, são equivalentes a R$ 59 bilhões (2002/2003) e R$ 256,5 bilhões (2015/2016).

Assim, com os novos anúncios, a escrita de apoio aos produtores rurais se mantém no terceiro mandato de Lula.