CPIs não vão impactar nas votações da Câmara
Mesmo com o funcionamento dos colegiados, o governo Lula vai conseguir aprovar projetos importantes como o Regime Fiscal Sustentável e a reforma tributária
Publicado 18/05/2023 12:20 | Editado 19/05/2023 15:19
As três comissões parlamentares de inquéritos (CPIs) instaladas nesta quarta-feira (17) na Câmara dos Deputados para investigar a atuação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), a manipulação do resultado de partidas de futebol e uma possível fraude financeira na empresa Americanas, não vão atravancar as votações importantes na Casa.
Mesmo com os colegiados em funcionamento, partidos da base estão otimista que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguirá aprovar, ainda no primeiro semestre, projetos importantes como o Regime Fiscal Sustentável e a reforma tributária.
O líder da Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV), deputado Zeca Dirceu (PT-PR), diz que nenhuma delas vai tirar o “foco naquilo que toca na vida das pessoas”.
“Obviamente uma CPI como esta faz parte do processo do democrático e é assim que a gente vai enfrentar esta comissão com um time altamente qualificado”, disse o líder.
De acordo com ele, os governistas vão atuar de forma equilibrada, sensata, respeitosa e dialogando.
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“Obviamente jamais descuidando do que é importante e prioritário. O presidente Lula já deixou claro que o prioritário é gerar emprego, é fazer o Brasil voltar a crescer, se desenvolver, é acabar com a fome, é equilibrar a economia do país, manter a inflação controlada e reduzir os juros”, afirmou.
No caso específico da CPI do MST, a ofensiva ruralista contra o movimento pode ter efeito contrário.
“O MST, durante dois anos, distribuiu toneladas e toneladas de alimentos para quem estava desempregado, para quem estava impedido de sair de casa, para quem estava passando fome. Poucos segmentos fizeram isso tão bem e de forma qualificada como o MST”, lembrou o parlamentar.
Afirmou também que os governistas, assim como o MST, não questionam o direito à propriedade e a importância do agronegócio na produção de bens de consumo que é exportada ao mundo inteiro, gera riquezas e empregos, e traz o equilíbrio necessário à balança comercial do país.
A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), lembrou que já ocorreram outras CPIs sobre a atuação do MST e nada de irregular foi descoberto.
“Há uma tentativa de criminalizar o movimento social e dar voz à extrema direita, contribuir para mais preconceito e ataques infundados. Mas nós estaremos na comissão e vamos mostrar que o MST é o maior movimento social organizado no Brasil e quem sabe no mundo”.
Sem preocupação
Na mesma linha, o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, disse que a CPI do MST não causa apreensão.
“Eu não tenho essa preocupação, pelo contrário. Acho que muita gente não conhece o MST como maior produtor de arroz orgânico da América Latina, como grande produtor de comida, de alimento”, disse o ministro em visita à 4ª Feira da Reforma Agrária.
“A CPI vai ser uma grande oportunidade de o Brasil conhecer o MST. O MST vai sair dessa CPI mais respeitado, maior, tendo mais visibilidade e sendo mais admirado”, completou.