Brasil pode ter mais de 1 milhão de pessoas em escravidão contemporânea

Fundação Walk Free coloca país na 11ª posição entre 160 países quanto ao número de pessoas que vivem neste tipo de situação. No mundo, estima-se que sejam mais de 50 milhões

Foto: MTE

O Brasil tem mais de um milhão de pessoas vivendo em situação de escravidão contemporânea, o que corresponde a cinco em cada mil habitantes, ocupando a 11ª colocação, em números absolutos, neste trágico ranking mundial de 160 países. A estimativa é da Fundação Walk Free.

O número exato a que chegou a ONG é de 1.053.000 pessoas em escravidão contemporânea, o que abrange trabalho forçado, escravidão por dívida, casamento forçado, práticas de escravidão e análogas à escravidão e tráfico de pessoas.

As informações, relativas ao ano de 2021, constam no relatório Índice de Escravidão Global 2023, divulgado nesta quarta-feira (24). Segundo o levantamento, fatores como os efeitos da pandemia de Covid-19, conflitos e deslocamentos resultantes de questões climáticas agravaram esse quadro. 

A Walk Free aponta, ainda, que os 20 países mais industrializados do mundo, que formam o G20, são responsáveis pela compra de US$ 468 bilhões anuais em produtos com risco de origem no trabalho escravo. 

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Segundo o estudo, os países com maiores índices, proporcionalmente à sua população, são Coreia do Norte, com 10,4%; Eritreia 9%, Mauritânia, 3,2%, Arábia Saudita, 2,1% e Turquia, 1,5%.

À Agência Brasil, o auditor fiscal do trabalho Lucas Reis, que atua em Santa Catarina, explicou que uma sequência de eventos, ao longo dos últimos anos, enfraqueceram a salvaguarda de direitos dos trabalhadores, entre elas a reforma trabalhista, aprovada no governo de Michel Temer e que, para ele, “rebaixa” condições de trabalho. “Não teve nenhum dado positivo da reforma trabalhista”, sintetizou.

Em todo o mundo, a entidade calculou que havia, em 2021, 50 milhões de seres humanos submetidos a condições degradantes dessa natureza, sendo 12 milhões de crianças e a maioria, 54%, de mulheres e meninas. Desse total, estima-se que 27,6 milhões eram vítimas de trabalho forçado e 22 milhões estavam em um contexto de casamento forçado, também encarado pela Organização das Nações Unidas como uma forma de escravidão.

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Com agências

(PL)

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