Deputado bolsonarista que propôs a CPMI incitou golpismo
Segundo a PF, na antevéspera das manifestações, o parlamentar publicou que ocorreria o “primeiro ato contra o governo Lula”
Publicado 26/05/2023 12:54 | Editado 29/05/2023 07:45
A Polícia Federal (PF) concluiu que o deputado bolsonarista André Fernandes (PL-CE), autor do pedido de instalação da CPMI do Golpe, incitou os atos golpistas do dia 8 de janeiro que resultaram na depredação dos prédios do Congresso, Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal.
“Depreende-se que ele coadunou com a depredação do patrimônio público praticada pela turba que se encontrava na Praça dos Três Poderes e conferiu ainda mais publicidade a ela (tendo em vista o alcance das suas redes sociais) restando, portanto, demonstrada sua real intenção com aquela primeira postagem, que era a de incitar a prática delituosa acima citada”, dizem os investigadores.
De acordo com a PF, o deputado bolsonarista publicou nas redes sociais “a imagem da porta de um armário vandalizado, naquele mesmo dia, do Supremo Tribunal Federal, contendo a inscrição do nome do ministro Alexandre de Moraes, na qual inseriu a seguinte legenda: ‘Quem rir, vai preso'”.
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Na antevéspera dos atos golpistas, o parlamentar publicou que ocorreria o “primeiro ato contra o governo Lula”. “Estaremos lá!”, avisou o bolsonarista.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu abertura de inquérito por considerar que o parlamentar cometeu crime. Houve, segundo a PGR, prática de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
“Não há como um investigado investigar o crime que cometeu. O deputado tem de sair da CPMI do Golpe pelo seu envolvimento nos atos golpistas. Mais uma vez fica comprovada a narrativa mentirosa dos bolsonaristas, segundo a qual o governo Lula facilitou as ações dos golpistas para incriminar o governo anterior”, considerou o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA).
“Os gritos dos bolsonaristas ontem tem motivo: acharam que iam ter um espaço pra espalhar mentiras e tentar se inocentar. Mas se depararam com quem quer investigá-los”, disse a deputada Erika Hilton (PSOL-SP), integrante da CPMI.
“Me chama a atenção que aqueles que estão sentados nos bancos dos réus possam bradar aqui como senhores da verdade. Essa CPI chamará aqui, para prestar esclarecimento, os mentores, os financiadores e todos aqueles que estiveram envolvidos, inclusive aqueles que estão sentados como membros nesta comissão”, disse a deputada Érika Kokay (PT-DF).
De acordo com o senador Humberto Costa (PT-PE), os bolsonaristas tentaram construir uma narrativa e desvirtuar os fatos. “Mas a verdade sempre acaba aparecendo: PF concluiu que o autor do pedido da CPMI do Golpe, deputado André Fernandes, incitou os próprios atos golpistas de 8 de janeiro”, afirmou.