Nova onda de covid-19 na China pode levar a 65 milhões de casos semanais

Xi Jinping voltou a usar máscara, mas restrições são improváveis, pois linhagem do vírus é mais leve. É improvável que haja retomada de restrições em grande escala e de enormes forças-tarefas de testagem

Em 10 de maio, agência estatal de notícias mostrou a visita de Xi Jinping a Xiong'an, uma "cidade do futuro" em construção. Toda a sua comitiva também usa máscaras de proteção. Foto Xinhua

A China pode estar diante de uma nova onda de Covid-19, com uma previsão de até 65 milhões de casos por semana com pico no final de junho. Com 1,4 bilhões de habitantes, o país foi o que mais seguiu à risca recomendações científicos de lockdown.

A estimativa de contágios é do cientista Zhong Nanshan, que identificou os primeiros casos de coronavírus em 2003, associados à SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave). As declarações foram feitas em uma conferência científica na cidade de Guangzhou.

A nova onda começou em abril, quando a covid superou a gripe comum como principal doença infecciosa na China. Já nesta última semana de maio, os casos devem superar a marca de 40 milhões de infecções semanais.

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Apesar dos números, a infecção é mais leve, portanto praticamente invisível, como já se observou nos EUA, Europa e, inclusive, em São Paulo. Desta forma, é improvável que haja retomada de restrições em grande escala e de enormes forças-tarefas de testagem obrigatória em massa.

Um dos países com as regras mais rígidas impostas durante a pandemia de covid-19, a China flexibilizou as medidas da política Covid Zero em dezembro de 2022. As medidas rigorosas foram responsáveis por graves perdas na cadeia produtiva da China, o que levou a protestos da população.

Desde então, registrou um aumento significativo de infecções pelo coronavírus. A circulação da variante XBB, da Ômicron, favorece a transmissão da doença no país asiático.

Segundo porta-vozes do governo, a estratégia chinesa de controle, antes voltada à prevenção das infecções, foi ajustada para prevenir doenças graves, porque a própria infecção pelas subvariantes XBB da ômicron se tornou difícil de evitar.

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Em 10 de maio, a agência estatal de notícias Xinhua mostrou a visita do dirigente chinês a Xiong’an, uma “cidade do futuro” em construção cem quilômetros ao sul de Pequim. Nas fotos, Xi e toda a sua comitiva usavam máscaras de proteção, assim como em eventos posteriores.

De pandemia a epidemia

O surto de covid-19 foi desclassificado como emergência sanitária global pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A maioria dos países já consideram a doença endêmica, como o Brasil, devido à estabilidade e controle de casos.

Globalmente, quase 2,3 milhões de novos casos e quase 15.000 mortes foram registrados nos últimos 28 dias analisados pela OMS, que compreende o período de 24 de abril a 21 de maio, uma queda de 21% e 17%, respectivamente, em comparação com os 28 dias anteriores.

Foram observados aumentos nos casos relatados nas regiões da África e do Pacífico Ocidental e aumentos nas mortes nas regiões da África, Américas, Sudeste Asiático e Pacífico Ocidental. Até 21 de maio, mais de 766 milhões de casos confirmados e mais de 6,9 milhões de mortes foram relatados globalmente.

Abaixo, gráficos de contágios e mortes no Brasil mostram queda constante e estabilidade desde a primeira semana de 2023, devido ao fim do ciclo vacinal:

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