Acusado de sabotagem, Campos Neto voltará a depor no Senado

O presidente do Banco Central esteve na Casa em abril, quando disse que a alta da taxa de juros era uma decisão técnica

Campos Neto durante audiência no Senado (Foto: Pedro França/Agência Senado)

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, terá de se explicar mais uma vez no Senado sobre a manutenção dos juros escorchantes de 13,75% que está sendo interpretado como um boicote à economia, uma vez que inviabiliza investimentos e a geração de empregos no país.

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou requerimento do líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP), para que Campos Neto explique a insistência do banco na manutenção da taxa.  

O presidente do BC, que foi indicado no governo Bolsonaro, esteve na Casa em abril, quando disse que a alta da taxa de juros era uma decisão técnica.

Diferente do primeiro comunicado, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira (27) admite redução da taxa.

O presidente Lula já havia cobrado explicações do presidente do BC ao Senado. “Apenas o juro precisa baixar, porque também não tem explicação. O presidente do Banco Central precisa explicar, não a mim, porque eu já sei o porquê ele não baixa, mas ao povo brasileiro e ao Senado, por que ele não baixa [a taxa]”, disse o presidente.

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“É inaceitável que Campos Neto continue sabotando o Brasil e o povo brasileiro com a mais alta taxa de juros reais do mundo! A quem interessa impedir o crescimento econômico do nosso país?”, disparou Randolfe Rodrigues.

No requerimento, Randolfe diz que o “Brasil está estupefato” diante da sétima vez consecutiva, o Copom ter mantido a taxa de juros.

“O choque com a decisão do Copom é de fácil compreensão. O Brasil passa por um claro processo de redução da inflação. O IPCA dos últimos meses tem sido reiteradamente abaixo das expectativas, e desacelerou para apenas 0,23% em maio”, explicou o senador.

De acordo com ela, a projeção de IPCA para 2023 do Relatório Focus — que o Banco Central afirma tanto levar em conta em suas decisões — caiu de mais de 6% para pouco mais de 5% nas últimas semanas.

“Já a prévia do IGP-M trouxe a maior deflação da história: 6,7% negativo no acumulado em 12 meses. E, talvez ainda mais importante, as expectativas de inflação para 2024 estão dentro do intervalo de flutuação da meta”, observou Randolfe.

Exoneração

Por comprovado e recorrente desempenho insuficiente, a senadora Ana Paula Lobato (PSB-MA) pediu ao Conselho Monetário Nacional (CMN) a exoneração de Neto do cargo de  presidente do BC.

“Oficializamos pedido de exoneração do presidente do BC, devido sua persistência em manter INJUSTIFICADAMENTE as taxas de juros, comprometendo a economia do país. É fundamental ajustar nossa política monetária. Conto com o apoio dos colegas senadores. Campos Neto sabota o Brasil”, escreveu a senadora no Twitter.

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