Randolfe cobra Campos Neto para que haja queda sustentável dos juros

O líder lembrou que o governo Bolsonaro terminou com uma taxa real de 7,95%, mesmo com descontrole fiscal, enquanto o índice atual é de10%, numa melhor situação

Campos Neto e Rodrigo Pacheco (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Uma semana após a decisão do Copom de reduzir a taxa Selic de 13,75% para 13,25%, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, compareceu nesta quinta-feira (10) ao Senado para prestar contas e foi cobrado sobre os juros que continuam sendo o maior do planeta.

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP), cumprimentou-o pelo voto decisivo para redução de 0.5 na taxa e pediu coerência para que ocorra uma redução sustentável dos juros até dezembro.

Lembrou que o governo Bolsonaro terminou com uma taxa real de 7,95%, mesmo sem rigor fiscal, desoneração de combustíveis, ampliação e criação de auxílios com o mundo já saindo da pandemia.

“Tudo isso como medidas eleitoreiras, para cumprir efeito ao final do resultado da eleição. Na prática, ano passado nós tivemos um atropelo fiscal, uma pedalada fiscal em todos os sentidos com as medidas tomadas pelo governo ”, disse.

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Por outro lado, diz o senador, temos hoje uma taxa de juros real, contando-se com a última redução aprovada pelo Copom, de 10%.

“Da parte do governo, tem a medida do arcabouço fiscal, já apresentada, tem o compromisso do Ministério da Fazenda de manter a meta de déficit conforme está proposta”, afirmou.

O líder cobrou a redução sustentável dos juros nas próximas reuniões do Copom para que tenha uma consequência prática, que é a redução dos juros reais da economia brasileira.

“E reitero: embora com todo o descontrole fiscal do ano passado, do governo anterior, nós temos, à luz de hoje, com o esforço fiscal feito pelo governo, uma taxa de juros real muito maior, que é a dos juros reais praticadas no ano passado”, reforçou.

Randolfe Rodrigues (Foto: Pedro França/Agência Senado)

Na resposta, Campos Neto tergiversou e reconheceu que o “juro real está relativamente alto”. “Como eu mencionei, a gente tem várias formas de olhar o juro real. Quando você olha o juro real na ponta, é o que a gente chama de juro real não realizado, porque eu tenho hoje como investir na Selic, mas eu não tenho hoje como ter a forma de ganhar a inflação corrente, porque a inflação é de 12 meses”, disse.

Afirmou que o objetivo é “abrir um caminho para ter uma queda consolidada de juros”. “É importante, ao longo do tempo, criar medidas para que a gente consiga ter uma estabilidade fiscal sem precisar ter aumento de receita, porque a gente tem um nível de tributação já bastante alto”, afirmou.

“Mas eu estou de acordo de que a gente precisa agora correr atrás de um equilíbrio fiscal e do plano que foi desenhado. Se a gente atingir essas metas fiscais, a gente também vai atingir, com certeza, um juro mais baixo e mais estável para frente”, completou.

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