Militar é suspeito de receber R$ 930 mil de garimperiros

Tenente coronel do Exército, Abimael Alves Pinto, é investigado pela Polícia Federal. Ele foi alvo de busca e apreensão que recolheu joias e relógios

Foto: Reprodução/ Polícia Federal

O tenente-coronel do Exército Abimael Alves Pinto é acusado de contribuir com garimpeiros de Japurá, no Amazonas, com informações sobre operações policiais. Pelos “serviços” ele teria recebido R$ 930 mil entre 2020 e 2022.

As informações constam em documentos da Polícia Federal obtidos pelo jornal O Globo. Em decorrência da investigação contra Abimael, que estava lotado no subcomando do Batalhão de Selva, responsável pelo controle de ações na fronteira com a Colômbia, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na residência do militar. Foram aprendidos relógios e joias.

A investigação observou que ele utilizou três contas para receber os valores: uma em seu nome, outra no da mulher e outra de uma empresa da família.

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Os pagamentos foram realizados por uma empresa de importação e exportação de minérios de Porto Velho (RO). O dono da empresa está preso preventivamente.

Em nota enviada ao jornal, a defesa do militar negou o recebimento de valores e a colaboração com criminosos ao indicar que ele é vítima de acusação falsa pelo trabalho de combate ao garimpo ilegal.

Diálogos mostram envolvimento

Apesar da defesa, os diálogos monitorados pela PF indicam a participação de Abimael.

Um primo do militar chamado Márcio teria oferecido o vazamento de informações por R$ 20 mil ao mês.

“Vamos livrar ele (os donos do garimpo) todo santo dia de ser pego. No mínimo uns 20 mil? Vamos livrar ele todo santo dia de ser pego […] “Esses dois anos serão de muitas operações, muitas mesmo, se ele não tiver informações privilegiadas, ele perde todo o negócio dele”, diz Márcio.

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A resposta é dada pelo garimpeiro Pedrinho Marcondes: “Pode deixar certo com ele então todo dia 20 (…)Todo dia 20 vai estar na conta, tá bom?”

Depois desse trato Abimael começou a passar informações sobre operações e interferir diretamente em algumas delas para beneficiar os criminosos, sendo os principais Pedrinho Marcondes (preso e assassinado como “queima de arquivo”) e Aldaildo Fongher, que está preso desde maio por ser pego com barras de ouro escondidas.

*Com informações O Globo

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