Em 9 dias, 1.200 menores de idade são presos na França

Mais: Notícias da Guerra na Ucrânia / África do Sul – Oposição busca união contra CNA / EUA atingem 356 tiroteios em massa em 2023 / OTAN: Stoltenberg continua.

No último dia 27, um francês de 17 anos de idade, chamado Nahel M. (a família não divulgou o sobrenome completo) furou uma blitz em Paris. Um policial atirou à queima-roupa no peito do jovem e matou o filho de imigrantes (mãe argelina e pai – que abandonou a família – marroquino). Apesar de Nahel M. não ter antecedentes criminais, um texto escrito por um agente da polícia circulou no Twitter: “Bravo aos colegas que abriram fogo contra um jovem criminoso de 17 anos. Ao neutralizar o veículo, protegeram a sua vida e das outras pessoas na rua. Os únicos responsáveis da morte deste bandido são os pais, incapazes de educar os filhos.” O autor do disparo foi preso e responderá por homicídio. Segundo informações da própria procuradoria de Paris, desde 2022 treze pessoas morreram em abordagens similares. Todas as mortes foram na periferia, onde moram imigrantes, seus filhos e trabalhadores pobres. Em uma França marcada por agudas contradições sociais, de novo o caldeirão ferveu.

Macron propõe multar as famílias dos jovens encarcerados

Milhões de pessoas protestaram contra a violência policial e por justiça social. A resposta do governo foi desencadear uma brutal repressão, que até o momento, de acordo com o Ministério do Interior, prendeu, em apenas 9 dias, 3.915 pessoas por participar dos protestos, sendo que, destes, 1.244 são menores de idade. O nível da revolta popular pode ser medido pelos números divulgados oficialmente: 269 instalações policiais atacadas, 1.105 edifícios danificados, 5.892 viaturas incendiadas, 12.202 vias públicas queimadas, mais de mil estabelecimentos comerciais e agências bancárias danificadas, 60 escolas afetadas, dez das quais parcial ou totalmente destruídas. A extrema-direita surfa na onda e acusa os imigrantes pelos “tulmutos”, apesar de 90% dos presos serem franceses nativos. Uma vaquinha lançada pelo ex-candidato de extrema direita à Presidência, Eric Zemmour, em favor do policial assassino, arrecadou mais de € 1 milhão, revelando que uma parte da França se aproxima cada vez mais (e uma vez mais) do neofascismo. Emmanuel Macron, o presidente francês, ávido por disputar essa parcela dos eleitores com a extrema-direita, anunciou, em uma reunião com policiais na noite desta segunda-feira (3) que as famílias dos menores presos (em geral famílias pobres onde os filhos muitas vezes são criados, como Nahel, apenas pela mãe) pagarão uma multa, pelas “confusões” provocadas pelos filhos. Macron, recentemente, passando por cima da opinião amplamente majoritária dos franceses, impôs, por decreto, sem ouvir o parlamento, uma reforma da aposentadoria que desencadeou gigantescas manifestações, também alvos de ampla repressão. Mas, tudo bem, Macron é e sempre será democrático. Afinal, ele é um homem do mercado financeiro, banqueiro, sendo apenas mera coincidência o fato de que os bancos serão os principais beneficiários da impopular reforma previdenciária. Aliás, se a sempre atenta Folha de S. Paulo procurar direitinho, vai chegar à conclusão de que o culpado pela repressão na França é o Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, que não passa de um reles ex-motorista de ônibus latino-americano, feito sob medida para a qualificação de “ditador”, epíteto impensável de se atribuir a um sócio do banco Rothschild, europeu e que se veste elegantemente, como Macron.

Por falar em Nicolás Maduro…

Mario Abdo Benítez, presidente do Paraguai

Na edição desta quarta-feira (5) da Folha de S. Paulo, o diário paulista aborda a reunião do Mercosul, finalizada ontem em Puerto Iguazú, na Argentina e que marcou a troca da presidência da organização, que passou a ser do Brasil. Salta aos olhos a satisfação da Folha pelos ataques proferidos contra o presidente da Venezuela (que o jornal qualifica de ditador) por dois presidentes direitistas, Luis Lacalle Pou, do Uruguai e Mario Abdo Benítez, do Paraguai. O presidente paraguaio declarou que “o único limite razoável (para a integração latino-americana) deve ser o respeito à democracia e aos direitos humanos“. Mario Abdo Benítez tem, de fato, toda a autoridade para falar sobre democracia. Elegeu seu sucessor, Santigo Peña, que assume em 15 de agosto. Com a vitória de Penã, o partido Colorado de Mario Abdo, organização da plutocracia paraguaia, completará nada menos do que 75 anos ininterruptos no poder com um pequeno intervalo entre agosto de 2008 e junho de 2012 quando a esquerda, com Fernando Lugo, ocupou o governo central do Paraguai, problema que foi resolvido com um golpe parlamentar que impediu Lugo de completar o mandato para o qual tinha sido eleito. O processo de impeachment de Fernando Lugo, acusado de “mau desempenho”, durou apenas 36 horas e restituiu o governo aos que estão no poder – a custa de todo tipo de fraudes, golpes e manipulação – há mais de 7 décadas no belo país vizinho. “Isso sim é democracia”, suspiram os editores da Folha.

Notícias da Guerra na Ucrânia

Nesta terça-feira (4), completou-se um mês da contraofensiva ucraniana contra as linhas de Moscou. Sem avanços significativos, o discurso oficial de Kiev vai se adaptando aos fatos. Na segunda-feira, o secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, Oleksiy Danilov, anunciou uma mudança tática. Segundo ele, agora as Forças Armadas da Ucrânia não estão mais focadas em avançar, mas sim em exaurir o exército russo. “Agora a guerra é de aniquilação”, anunciou, deixando em dúvida se antes a guerra era de “confraternização”. Um dia depois, Danilov, em um Twitter, detalhou a nova tática, segundo informou a RT: “A destruição máxima do pessoal e equipamento militar russo é atualmente a tarefa número um para a Ucrânia. Neste estágio de hostilidades ativas, as Forças de Defesa da Ucrânia estão cumprindo a tarefa número um – a destruição máxima de mão de obra, equipamentos, depósitos de combustível, veículos militares, artilharia, postos de comando e forças de defesa aérea do exército russo”, disse o secretário, alegando que “os últimos dias foram particularmente frutíferos”.  Já o comandante das Forças Armadas da Ucrânia, Valery Zaluzhny, em entrevista ao The Washington Post, queixou-se de falta de armamentos e até de munição. A OTAN respondeu que “está fazendo tudo” para atender as demandas ucranianas. Segundo divulgou nesta quarta-feira (5) a agência Sputnik News, “o tenente-general Igor Konashenkov, representante oficial do Ministério da Defesa da Rússia, relatou que as Forças Armadas da Ucrânia perderam nas últimas 24 horas nas direções sul de Donetsk e Zaporozhie mais de 300 combatentes, três carros, dois obuseiros Msta-B, dois obuseiros D-20, duas peças de artilharia autopropulsadas Akatsiya, bem como uma peça de artilharia autopropulsada Krab de fabricação polonesa”. Em recentes declarações, o presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, comemorou o “fracasso” da contraofensiva ucraniana mas advertiu que as Forças Armadas da Ucrânia ainda contam com “relevante poder ofensivo”.

África do Sul – Oposição busca união contra CNA

Militantes da direitista Aliança Democrática

A agência Prensa Latina informa que líderes de partidos de oposição na África do Sul se reunirão nos dias 16 e 17 de agosto para formar uma coalizão visando enfrentar o Congresso Nacional Africano (CNA) nas eleições gerais de 2024. Os sete grupos políticos que participarão desta reunião são liderados peal Aliança Democrática (AD), o principal partido de oposição do país. Segundo um comunicado da AD, os partidos da oposição vão procurar um caminho viável para conseguir a maioria de 50% + um nas urnas, necessária “para formar um governo sem o CNA”, o que pode “proporcionar um futuro próspero para todos os sul-africanos”. Os dirigentes destas sete organizações, revela o texto, realizaram nos últimos dois meses uma série de reuniões exploratórias para lançar as bases de uma Convenção Nacional, onde poderão negociar um Pacto pré-eleitoral. Com o apoio da maioria dos sul-africanos, o CNA dirige o país como partido no poder desde o estabelecimento da Democracia após o fim do regime do Apartheid. O CNA é atualmente o líder de uma aliança governamental que inclui o Partido Comunista Sul-Africano e a federação sindical COSATU.

EUA atingem 356 tiroteios em massa em 2023

Um tiroteio na cidade de Filadélfia (EUA), no nordeste do país, deixou quatro mortos e pelo menos oito feridos nesta segunda-feira, segundo a imprensa local. O suspeito, um homem armado com um rifle e uma pistola e vestido com um colete à prova de balas, já foi detido pelas autoridades, informou a mídia. Este novo incidente violento ocorre menos de 48 horas depois que duas pessoas foram mortas e 28 ficaram feridas quando um tiroteio começou em uma festa em Baltimore na manhã de domingo (2), incluindo três que estão em estado crítico, disse a polícia. O comissário interino do Departamento de Polícia de Baltimore, Richard Worley, disse a repórteres que havia um total de 30 vítimas durante uma coletiva de imprensa no local. De acordo com o arquivo Gun Violence, em 2023 aconteceram até agora 356 tiroteios em massa nos Estados Unidos, média de quase dois (1,91 para ser exato) tiroteios em massa por dia.

OTAN: Stoltenberg continua

Os Estados membros da OTAN prorrogaram, nesta terça-feira, o mandato do norueguês Jens Stoltenberg como secretário-geral da Aliança por um ano, ou seja, ele continuará a liderar a agressiva aliança militar até 1º de outubro de 2024. “Honrado pela decisão dos aliados da OTAN de estender meu mandato como secretário-geral até 1º de outubro de 2024“, escreveu Stoltenberg em seu perfil na rede social Twitter. O ex-primeiro-ministro norueguês acrescentou que a ligação transatlântica entre a Europa e a América do Norte “tem garantido a nossa liberdade e segurança há quase 75 anos”, opinião que certamente não é compartilhada por líbios, sérvios e tantos outros povos ameaçados e atacados por esta aliança anacrônica e criminosa. Com informações da agência EFE.

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