Reino Unido mantém “prisão flutuante” para migrantes
Parlamento aprovou lei que proíbe pedido de asilo de migrante ilegal. Filho de indianos, Rishi Sunak estabeleceu como prioridade a agenda anti-imigração.
Publicado 20/07/2023 14:45 | Editado 20/07/2023 16:23
Conservadores constroem “embarcação-prisão”, no Reino Unido, para imigrantes sem visto aguardarem o pedido de asilo. “Bibby Stockholm” deixou o estaleiro onde estava sendo construído e chegou, nesta terça (18), no porto de Portland, no sul da Inglaterra.
O governo de Rishi Sunak ignorou as críticas de organizações humanitárias e se prepara para alojar até 500 pessoas na embarcação.
O Ministério do Interior explicou que a embarcação será utilizada “para reduzir a pressão insustentável sobre o sistema britânico de asilo e reduzir os custos”.
“Devemos acabar com o uso de hotéis caros para acomodar aqueles que fazem viagens desnecessárias e perigosas. Não colocaremos os interesses dos migrantes ilegais acima dos interesses do povo britânico, a quem fomos escolhidos para servir. Precisamos usar opções alternativas de acomodação, incluindo o uso de barcaças e balsas, para economizar o dinheiro do contribuinte britânico e evitar que o Reino Unido se torne um ímã para solicitantes de asilo na Europa”, disse o secretário de Estado de Imigração, Robert Jenrick, em abril.
Never in my lifetime did I expect to see a human cargo vessel making its way along the British coastline to its point of anchor
— Tricky | #FBPE (@Tricky_1) July 18, 2023
The culmination of 13 years of Tory policy #ToriesOut#BibbyStockholm pic.twitter.com/kxVLs45Rqg
O governo britânico calcula que os estrangeiros permanecerão no barco por um período entre três e seis meses. Segundo as autoridades, as pessoas poderão ir e vir todos os dias sem problema.
Atualmente, no Reino Unido, mais de 160 mil pessoas aguardam a decisão da justiça quanto ao pedido de asilo. O governo mantém cerca de 51 mil em unidades hoteleiras espalhadas por todo o país, a um custo superior a 6 milhões de euros por dia.
Política anti-imigratória
O parlamento britânico vem endurecendo as leis que buscam combater a imigração ilegal no país. Em 2022, o governo do Reino Unido anunciou um acordo com Ruanda para enviar ao país migrantes em situação irregular. No entanto, nenhum voo foi realizado. Em junho daquele ano, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos cancelou a primeira leva de estrangeiros. Naquele mesmo mês, a Justiça britânica declarou o projeto ilegal.
Em resposta, o Parlamento britânico aprovou nesta terça (18) uma lei que proíbe pedido de asilo solicitado por imigrantes que entrarem de forma ilegal no Reino Unido. A norma foi considerada contrária aos direitos das pessoas refugiadas pela ONU (Organização das Nações Unidas), uma vez que “a maioria das pessoas que fogem da guerra ou da perseguição não tem acesso a documentos como passaportes ou vistos”.
O governo alega que os migrantes sem documentos “furam a fila de espera”, prejudicando aqueles que chegam no país por vias legais. Filho de indianos, o premiê e líder do Partido Conservadores Rishi Sunak estabeleceu como prioridade de sua gestão a agenda anti-imigração.