Por uma Universidade da Integração Amazônica

Se entedermos que há um elo entre riquezas naturais e ciência e tecnologia, poderemos guiar importantes saltos tecnologicos

Foto: Andre Dib/Pulsar

Nas últimas décadas, a Amazônia tem dominado o debate ambiental internacional. O Brasil, que era referência nos espaços internacionais sobre o tema do meio ambiente, desde a Eco 92 no Rio de Janeiro, se transformou em um pária internacional. O ponto de virada foi o governo Bolsonaro, que negou a ciência e educação, fechou os olhos para as queimadas, negligenciou o avanço do desmatamento e contribuiu para o crescimento do genocídio indígena.

É urgente que o Brasil reconstrua sua política de proteção da Amazônia, mas, para que isso seja algo enraizado no projeto do Estado brasiliero, é necessário projetar políticas estratégicas que cumpram com nossas tarefas de proteção e soberania da região.

Atualmente, podemos identificar duas abordagens majoritárias sobre o tema da Amazônia: a primeira, ideologicamente liberal, está concentrada em uma perspectiva de metas e diretrizes impostas sob uma epistemologia do centro para a periferia; a segunda, por sua vez, se baseia em uma abordagem militar, ancorada em um viés voltado para segurança e uma linha belicista, que representa uma movimentação perigosa que pode levar ao aumento das bases militares na região.

A proteção da Amazônia se soma a outra tarefa imprescindível: a integração regional dessa importante território. Para se alcançar a verdadeira integração da América Latina, devemos começar por uma política forte e complexa, a partir de uma epistemologia própria, que tenha como objetivo a defesa da nossa soberania e biodiversidade.

Com isso em mente, defendemos a criação de uma Universidade da Intergração Amazônica, uma universidade temática e internacional como a principal ferramenta para a construção dessa política, a partir do fomento de educação, pesquisa, ciência e tecnologia voltadas para a biodiversidade da Floresta Amazônica e a inclusão e participação dos povos inseridos nela e vizinhos.

Se avançarmos em compreender que há uma elo fundamental entre riquezas naturais e ciência e tecnologia, poderemos guiar importantes saltos tecnológicos para o ddesenvolvimento da humanidade. A Universidade da Integração Amazônica com caráter internacional poderia fortalecer o avanço da integração regional dos povos amazônicos, que estão espalhados pelos territórios da Colômbia, Venezuela, Equador, Brasil, Bolívia, Guiana, Peru, Suriname e Guiana Francesa.

O tema já é debate entre estudantes latino-americanos. A defesa da integração regional e soberania por meio da Universidade da Integração Amazônica foi aprovada na reunião do secretariado geral da OCLAE (Organização Caribenha e Latino-Americana de Estudantes) – organização representante de 38 entidades estudantis da região -, que ocorreu em abril de 2023, em Bogotá.

O primeiro passo fundamental seria a interligação das universidades da região, avançando no tema da cooperação regional a partir da educação. Criar um programa de mobilidade regional para estudantes, pesquisadores e professores do ensino superior, na teoria e prática, é determinante para a integração regional.

Entre os debates e desafios devemos apostar na criatividade perante à urgência de futuro, que deve sobrepor dualidades limitadas e priorizar a criação de empregos, renda e sustentabilidade na região. Para isso, o caminho, mais uma vez, deve ser o investimento em ciência e tecnologia para criar soluções para o futuro da América Latina.

Aos nossos desafios, devemos apresentar nossas respostas. Nós, estudantes amazônicos, apostamos na criação de uma Universidade da Integração Amazônica, com massivo investimento em ciência e tecnologia que olhe para a biodiversidade da floresta.

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*Amanda Harumy é membro da Secretaria Geral da Organização Continental Latino-Americana e Caribenha dos Estudantes (Oclae), Bruna Brelaz é ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Vinícius Soares é presidente da Associação Nacional dos Pós-Graduandos