‘Lula acerta ao escolher mulher nordestina para comandar Ciência e Tecnologia’

Em entrevista exclusiva ao Portal Vermelho, o presidente da Finep, Celso Pansera, elogiou a atuação da ministra Luciana Santos e diz que a pasta está no “caminho certo”

Celso Pansera e Luciana Santos (Foto: Wesley Sousa/MCTI)

Ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação no governo Dilma Rousseff e ex-deputado federal pelo PT do Rio de Janeiro, o atual presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Celso Pansera, está otimista com o futuro do setor no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A Finep é uma empresa pública do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) responsável pelo fomento e a inovação no país.

O órgão e exerce a função de Secretaria-Executiva do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), principal fonte de financiamento público da ciência brasileira.

Em entrevista exclusiva ao Portal Vermelho, Pansera elogiou a atuação da ministra da pasta, Luciana Santos, e destacou que Lula acertou na escolha de uma mulher nordestina para comandar o MCTI.

De acordo com ele, houve iniciativas “em tempo recorde” como o reajuste das bolsas, liberação integral dos recursos do FNDCT e aprovação da [Taxa Referêncial] para os contratos de financiamento de empresas.

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“Tenho a segurança de que estamos no caminho certo e que vamos, em pouco tempo, superar as mazelas e o desmonte promovido pelo governo anterior”, apostou.

Para ele, a ministra apresentou investimentos ousados para a região amazônica da ordem de R$ 3,4 bilhões em recursos do FNDCT.

Serão contemplados projetos da infraestrutura de pesquisa científica a produção de conhecimento sobre biodiversidade. “A Finep irá trabalhar se orientando por esta matriz e missões”, disse.

Dos cerca de R$ 10 bilhões do Fundo que a Financiadora tem previsto para aplicar este ano, o presidente da Finep diz que a prioridade será a recuperação e expansão da infraestrutura científica nacional.

Confira a entrevista:

Na sua opinião o que representa para o desenvolvimento sustentável do país a recomposição integral dos recursos do FNDCT?

Com a recomposição integral do FNDCT, temos previsão de recursos em volumes inéditos para investir na ciência e na inovação nacional. Ganham todos os setores, especialmente aqueles com aderência às políticas de sustentabilidade socioambiental, uma das bandeiras prioritárias do governo Lula. A região amazônica, por exemplo, receberá mais de R$ 3 bilhões em investimentos só do FNDCT.

Quais as prioridades na aplicação dos R$ 10 bilhões que a Financiadora tem previsto para este ano do FNDCT?

Dos recursos não retornáveis, a prioridade definida pelo Conselho Diretor do FNDCT são os investimentos na recuperação e expansão da infraestrutura científica nacional. Com os recursos retornáveis, estamos implementando o maior programa de inovação no setor produtivo, com taxas de juros a 2% ao ano.

O que esperar de retorno como a geração de empregos, desenvolvimento social e patentes?

Com a aprovação da TR para os programas de investimento em empresas, temos a expectativa de gerar uma onda inédita de modernização e inovação no setor produtivo nacional, criando mais e melhores empregos, incluindo milhares de vagas para mestres e doutores formados em nossos programas de pós-graduação.

 Em termos de inovação, quais projetos são os mais promissores levando em conta os instrumentos de financiamento?

Conforme definido pelo Conselho Diretor do FNDCT e seguindo as orientações da ministra Luciana Santos, daremos prioridade aos projetos que se orientam pelas missões definidas no Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI). Esses contarão com taxas de administração mais baixas e maiores prazos para pagamento dos investimentos, por exemplo.

A ministra Luciana Santos tem dito que a ciência vai contribuir decisivamente para reindustrialização em novas bases tecnológicas. Que esforço precisa ser feito nessa direção?

A afirmação da ministra está muito coerente com o programa definido pelo presidente Lula e o CNDI, de neoindustrializar o país em nova bases. Mais equidade social e responsabilidade com o meio ambiente. Nosso esforço será no sentido de priorizar apoio a esses projetos, com maior volume de recursos e mais agilidade na aprovação dos mesmos.

Quais, por exemplo?

A ministra apresentou, no último dia 7, um programa de investimentos bastante ousado para a região amazônica. São R$ 3,4 bilhões em recursos do FNDCT que serão investidos, entre 2024 e 2026, em projetos que contemplam a infraestrutura de pesquisa científica, produção de conhecimento sobre biodiversidade, estímulo à inovação, monitoramento aeroespacial, segurança alimentar, conectividade e capacitação. A Finep irá trabalhar se orientando por esta matriz e missões.

O governo fala em financiar a bioeconomia na Amazônia. Como o Finep está inserido nessa política?

Sim. Vamos recuperar e expandir a infraestrutura científica da região. Além disso, junto com o BNDES e demais bancos e agências públicas de fomento, injetar recursos e incentivar setores produtivos com base tecnológica estruturadas em bioeconomia.

A Ciência, Tecnologia e Inovação é uma área que foi praticamente desestruturada no governo passado. O que podemos avaliar como avanços no atual governo?

O governo Lula começou muito bem no setor, ao escolher uma mulher nordestina para comandar o MCTI. Além disso, tomou diversas iniciativas em tempo recorde. Podemos citar o reajuste no valor das bolsas, a liberação da totalidade dos recursos do FNDCT e a aprovação da taxa TR para os contratos de financiamento de empresas através da Finep. Tenho a segurança de que estamos no caminho certo e que vamos, em pouco tempo, superar as mazelas e o desmonte promovido pelo governo anterior.

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